Com pouca testagem, Brasil é o 2o em contágios
Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
O avanço do novo coronavírus no Brasil é preocupante. Somado a isso, o número de testes realizados em território nacional nos coloca em lugar de destaque em pelo menos dois tristes rankings relacionados à doença.
O país se tornou o segundo do mundo com maior quantidade de infectados e mortes por Covid-19 e o 64º em número de testes por milhão de habitantes – é o que aponta comparação feita pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, a partir de boletins oficiais compilados no portal Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
De acordo com as informações mais recentes do Ministério da Saúde, já foram comprados e distribuídos mais de 13,3 milhões de testes de diagnóstico para Covid-19. Isso significa que apenas 6,3% da população pode ser testada. E mais: a proporção de exames para cada milhão de habitantes é de 63,2 mil, muito abaixo do objetivo, que é testar um quarto (25%) dos 210 milhões de brasileiros.
O índice de testagem no Brasil é inferior ao de alguns países da América do Sul, como Chile e Peru, e muito abaixo das taxas de nações desenvolvidas, como Alemanha, Itália, Espanha e Estados Unidos, o atual epicentro da doença. Além disso, também perde nesse quesito para Arábia Saudita, Azerbaidjão, Israel, Lituânia e Rússia.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou até a publicação da matéria. O espaço segue aberto.
Uma das maneiras de entender se os países estão testando suficientemente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é observar a parcela de exames que apresenta resultado positivo. Para o órgão, o índice deve estar entre 3% e 12%.
A proporção de testes positivos para Covid-19 dentre os analisados é denominada positividade, que no Brasil está em 21,06%, o que indica falha na política pública de testagem. Para comparação, a taxa nos Estados Unidos está em 10%, ou seja, dentro da média.
Em entrevista coletiva na manhã da última segunda-feira (3/8), o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, afirmou que a situação do Brasil ainda é “muito preocupante, com vários estados relatando alto número de casos”. Para ele, o Brasil precisa de medidas que evitem a transmissão comunitária da Covid-19.
Para que isso seja possível, segundo Ryan, o governo deve atuar junto às comunidades locais a fim de “detectar e isolar casos, rastrear contatos, quando possível, e criar condições nas quais a doença não possa se espalhar facilmente”.