Bolsonarismo idolatra desastre sanitário da Suécia
Foto: Jonathan Nackstrand – 27.jul.20/AFP
Se a direita fala “vai pra Cuba!”, a esquerda agora pode rebater com “vai pra Suécia!”.
O pacato país do norte europeu virou modelo de combate ao coronavírus para o mundo destro, sobretudo a ala mais alinhada ao presidente Jair Bolsonaro. Ironicamente, a Suécia sempre foi vilificada pela direita por seu modelo social-democrata de proteção social. Agora, é uma espécie de Xangri-Lá.
A Suécia destoou da grande maioria dos países europeus por ter adotado uma estratégia bem mais flexível de isolamento social. Escolas permaneceram abertas, restaurantes continuaram a servir clientes em mesas (embora não em balcões e em pé), e ninguém foi multado por dar uma voltinha no quarteirão.
Apostou, ao que tudo indica, na chamada “imunidade do rebanho”, em que a pandemia declina após infectar uma parcela determinada da população. Como em geral 80% das pessoas não têm sintomas, acabam adquirindo anticorpos contra a Covid-19.
Quanto mais pessoas contaminadas, maior essa imunidade, o que dificulta a proliferação do vírus. Após algum tempo, os índices de contágio desabam.
É o que parece estar acontecendo nesse momento, para júbilo dos bolsonaristas. Após atingir pico de 1.803 novos casos em 24 de junho, houve um declínio abrupto. A média dos 7 dias encerrados na segunda-feira (9) ficou em 286.
Da mesma forma, o número diário de mortes, que era de mais de 100 na metade de abril, está abaixo de 10 desde 20 de julho.
“A Suécia venceu o vírus sem abrir mão da liberdade”, resumiu a revista digital Oeste, alinhada à direita.
Redação com Folha