Crivella busca remédio eleitoral em imagem de Bolsonaro
Foto: Reprodução
Às voltas com a impopularidade – mais de 70% – e investigações, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) começou a campanha apostando na aproximação com o presidente Jair Bolsonaro para tentar a reeleição. A imagem do mandatário foi inserida num material divulgado pelo prefeito e seu nome foi incluído num jingle. “Junto com Bolsonaro é Crivella”, diz a versão inspirada em Supera, da cantora Marília Mendonça.
O prefeito não teve, até aqui, agendas públicas de campanha; participou apenas de encontros fechados. A estratégia de Crivella neste ano é se associar a temas morais e nacionais para tentar driblar a impopularidade de sua gestão. Na semana passada, Bolsonaro disse que pode declarar voto em três cidades – São Paulo, Santos e Manaus – e não citou o Rio.
Crivella foi declarado inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio na semana passada. É acusado de abuso de poder político e conduta vedada. Sua defesa – representada pelo mesmo advogado do senador Flávio Bolsonaro, Rodrigo Roca – já afirmou que vai recorrer no próprio TRE e a instâncias superiores. A tendência é que o prefeito consiga estar nas urnas em novembro, mesmo com a decisão do colegiado fluminense. Enquanto isso, já há um pedido de impugnação da candidatura dele por parte do PSOL.
Seu principal adversário na disputa, Eduardo Paes (DEM), vai no caminho oposto. O ex-prefeito busca abordar temas ligados à administração pública e comparar seus dois mandatos com o do atual. Num vídeo divulgado nesta segunda-feira, ele cita uma série de programas e obras colocados em curso entre 2009 e 2016, período em que esteve à frente da Prefeitura.
O candidato do DEM tem buscado participar mais ativamente nas ruas. Deu início ao período eleitoral, neste domingo, assinando uma carta de compromisso com as favelas em agenda no Complexo do Alemão, zona norte da cidade. Hoje, visita uma Clínica da Família também na zona norte.
Na noite de ontem, ele recorreu ainda a uma live nas redes sociais, na qual voltou a destacar o que considera sua experiência para comandar o município. Além de citar o atual prefeito, lembrou do governador afastado Wilson Witzel, que venceu contra ele o segundo turno para o Estado em 2018.
“(O Rio) elegeu um ex-juiz em 2018. Esse ex-juiz, além de tudo, mostrou incapacidade política. Ele só se elegeu pelo apoio do Bolsonaro. Aí o que ele faz assim que ganha? Briga com o Bolsonaro. Não é exatamente a coisa mais inteligente do mundo”, disse. “A gente não pode dar mais espaço para incompetente ou para farsante, para novos Crivella ou novos Witzel.”
As datas, definições partidárias, candidaturas e a cobertura especial do jornal das campanhas pelo País e nos Estados Unidos
Os demais candidatos também têm recorrido a compromissos de rua que simbolizem suas respectivas campanhas. Martha Rocha (PDT), por exemplo, visitou no domingo uma unidade dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), principal marca dos pedetistas Leonel Brizola e Darcy Ribeiro quando comandaram o Estado, na década de 1980. Nascida e criada em favelas, Benedita da Silva (PT) foi à comunidade do Vidigal, na zona sul.
Bolsonarista que tenta correr por fora e pegar votos de apoiadores do presidente que não querem mais Crivella, Luiz Lima (PSL) foi ao bairro mais populoso do Rio: Campo Grande, na zona oeste. E Renata Souza (PSOL), ex-chefe de gabinete da vereadora assassinada Marielle Franco, participou de encontro no Cais do Valongo, na região portuária, um símbolo da história da escravidão no País.