Bolsonaro aumentou sua segurança para quase mil agentes

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Foto: Adriano Machado/Reuters

A chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República levou a um aumento de 30% no efetivo de agentes de segurança à disposição do presidente, do vice e das suas famílias.

A informação é do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que, em um edital para a compra de equipamentos de segurança, afirmou que “houve a decisão de aumento do efetivo” após a posse do novo governo. Segundo o GSI, o número de agentes passou de pouco menos de 700, em 2018, para 918 no ano passado.

Procurado, o ministério informou que “o efetivo do Departamento de Segurança Presidencial é ajustado conforme múltiplas condicionantes” e ressaltou que o número de pessoas protegidas no mandato atual é maior do que no anterior, de Michel Temer, porque a Vice-Presidência estava vaga. “O efetivo atual está adequado à garantia da segurança presidencial, considerados os diversos fatores que a condicionam”, disse o GSI.

O GSI também informou que não houve aumento do efetivo em 2020, em relação a 2019, e que os agentes de segurança são todos militares das Forças Armadas ou servidores requisitados de outros órgãos de Segurança Pública, ou seja, que não houve contratação específica para isso.

No ano passado, o governo gastou R$ 21,4 milhões na segurança do presidente, do vice e das suas famílias. O valor foi maior do que o pago nos três anos anteriores (justamente o período em que a Vice-Presidência ficou vaga), mas menor do que foi gasto anualmente entre 2012 e 2015.

O ano com mais gastos nessa área foi 2013: R$ 36 milhões. Os dados são da plataforma Siga Brasil, vinculada ao Senado. Os valores foram corrigidos pela inflação, e a conta inclui os restos a pagar pagos em cada ano.

Uma mudança em 2019, em relação aos anos anteriores, foi o aumento dos gastos com passagens e despesas com deslocamentos dos agentes de segurança. Foram gastos R$ 5,3 milhões, o maior valor desde 2012 e um aumento de 300% em relação a 2018, quando foram pagos R$ 1,3 milhão. Em 2020, foram gastos até aqui R$ 2,6 milhões.

Do primeiro para o segundo ano de governo, houve um aumento nos gastos com “equipamento e material” na área de segurança: de R$ 3,3 milhões, em todo o ano de 2018, para R$ 5,3 milhões até o final de setembro de 2020.

O costume de Bolsonaro de interagir diretamente com apoiadores, agravado pelo atentado à faca que ele sofreu durante a campanha eleitoral, sempre foi uma fonte de preocupação ao GSI. No passado, o ministro da pasta, Augusto Heleno, descreveu Bolsonaro como “irrequieto, impetuoso e desobediente” em uma apresentação a jornalistas sobre a segurança presidencial — mas acrescentou depois que cabe à equipe de segurança se adequar ao presidente.

Não foi apenas a área de segurança que teve um aumento recentemente. Como o GLOBO mostrou em agosto, somando a segurança institucional com as ações de inteligência, o governo gastou R$ 161 milhões em 2019, valor 68% maior do que a média anual do que foi gasto nos três anos anteriores à chegada de Bolsonaro ao poder.

O Globo