Senador da cueca vai se licenciar do Senado
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Após ser flagrado com dinheiro vivo na cueca, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) deve pedir uma licença não remunerada por quatro meses, segundo pessoas próximas ao parlamentar. Postura semelhante deve ser adotada em relação ao partido de Rodrigues, o Democratas. A ideia é tentar reduzir o desgaste provocado pelas investigações e pelo afastamento determinado na semana passada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda deve ser avaliado pelo colegiado da corte e depende do aval do Senado.
De acordo com um aliado do senador, Rodrigues tem procurado outros parlamentares para tentar costurar um acordo a fim de evitar a sua cassação. Ele tenta emplacar a tese de que representações contra ele no Conselho de Ética perderiam objeto com o seu afastamento voluntário, assim como a determinação de Barroso pelo seu afastamento por 90 dias. No último caso, conforme mostrou o GLOBO, a decisão monocrática do magistrado incomodou congressistas, que viram na iniciativa uma “interferência indevida” do Judiciário.
Em caso da licença por 120 dias, prevista no regimento da Casa Legislativa, quem assume a vaga de Rodrigues é o primeiro suplente. Neste caso, o filho de Chico Rodrigues, Pedro Arthur, que disputou a última eleição na chapa do pai.
A investigação da PF envolvendo Rodrigues e outras autoridades teve início após uma denúncia feita por um ex-funcionário da Secretaria de Saúde de Roraima. Ele citou a existência de um esquema para desvio dos recursos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19 e que envolvia membros do Congresso Nacional. Na semana passada, durante uma operação no âmbito do inquérito, Chico Rodrigues foi flagrado com cerca de R$ 30 mil, parte das notas dentro da cueca.
Neste domingo, a defesa de Rodrigues (DEM-RR) reclamou que ele está passando por um linchamento sem provas, tendo apenas guardado recursos próprios. Os advogados reconhecem que esconder o dinheiro dentro da roupa foi “uma reação impensada”, mas responsabilizam o “terrorismo policial” por isso. Segundo a defesa, os recursos têm origem particular comprovada e seria usado para pagar funcionários da empresa da família.