Candidato de Evo Morales venceu por 55,1% a 28,8%

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Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Com mais de 26 pontos percentuais à frente do segundo colocado, o ex-ministro da Economia Luis Arce, aliado de Evo Morales, foi oficialmente eleito o novo presidente da Bolívia nesta sexta-feira. Com 100% das urnas apuradas, Arce obteve 55,1% dos votos, e Carlos Mesa, da aliança Comunidade Cidadã (CC), conseguiu 28,83% dos votos.

Com vitórias maciças em La Paz (68,36%), Cochabamba (65,9%) e Oruro (62,94%), o resultado deste ano mostra um crescimento de oito pontos percentuais no apoio ao Movimento ao Socialismo (MAS) em relação ao pleito do ano passado, depois anulado, no qual o então presidente Evo Morales, que concorria um controvertido quarto mandato, obteve 47,07% dos votos e Mesa, 36,51%. A centrista Comunidade Cidadã, por sua vez, foi vitoriosa em Beni, terra natal da presidente interina, Jeanine Áñez, com 39,17% dos votos, e Tarija, onde ficou com mais de 50%.

Em terceiro lugar, a aliança Creemos (Acreditamos), de Luis Fernando Camacho, obteve 14% dos votos em nível nacional, e se consolidou como maior força política no departamento [estado] de Santa Cruz, onde conseguiu 45,05% dos votos — o MAS teve 36,19% e a Comunidade Cidadã, 17,31%. Na noite de quarta-feira, o Comitê Cívico de Santa Cruz afirmou suspeitar de fraude eleitoral e exigiu que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) suspendesse a contagem. A organização cívica ameaçou iniciar protestos nas ruas.

No mesmo dia, o chefe da missão de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA), Manuel González, afirmou que as eleições na Bolívia foram “transparentes” e o que a vitória de Arce é legítima. O controverso relatório da organização que apontou irregularidades no pleito de 2019 foi a principal fonte de apoio às denúncias de fraude feitas na época pela oposição que culminaram na renúncia de Morales, pressionado por forças militares e policiais.

— O povo votou livremente e o resultado foi claro e contundente, o que dá grande legitimidade ao novo governo, às instituições bolivianas e ao processo eleitoral — disse González ao divulgar o relatório preliminar sobre as eleições do último domingo.

Pressionado no dia anterior pelo representante do México na organização e pelo presidente argentino, Alberto Fernández, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, defendeu nesta quinta-feira que não existe um “paralelo” entre os dois pleitos.

— Não há números transferíveis — afirmou Almagro em uma entrevista coletiva após a Assembleia Geral da OEA realizada virtualmente nesta semana.

O Globo