
Sob boicote de Trump, Biden marca reunião de cúpula
Foto: ANGELA WEISS
Cinco dias após Joe Biden ser confirmado como o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e seus aliados no Congresso ainda não dão sinais de que pretendem reconhecer a derrota. Enquanto isso, o democrata leva em frente a transição, anunciando nomes de sua equipe e marcando cúpulas com líderes internacionais.
Mesmo sem as verbas destinadas para a transição, bloqueadas por Trump, e sem acesso à infraestrutura do Departamento de Estado para conversar com outros chefes de governo, Biden o faz por meios próprios. Na quarta-feira, o presidente eleito recebeu telefonemas de Yoshihide Suga, premier do Japão; Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul; e Scott Morrison, premier australiano — alguns dos aliados mais próximos dos EUA e parceiros-chave no Pacífico.
Nas três ligações, buscou-se reforçar a aliança entre os países e o trabalho conjunto no âmbito ambiental, na resposta à pandemia da Covid-19 e na segurança — algo importante para o trio diante da crescente influência chinesa na região. Foram anunciados ainda planos para cúpulas com o Japão e com a Coreia do Sul, logo após a posse do democrata, em 20 de janeiro.
Desde sua vitória, Biden já conversou com líderes de diversos países aliados, como a França, o Canadá e o Reino Unido — na quarta-feira, Boris Johnson chegou a se referir a Trump, com quem tem boa relação, como o “presidente antigo”. Vladimir Putin e Xi Jinping, no entanto, ainda não parabenizaram o presidente eleito, assim como o presidente Jair Bolsonaro.
O democrata também anunciou o primeiro integrante-chave de seu governo: Ron Klain, um importante e experiente nome do Partido Democrata, será seu chefe de Gabinete. Ele é, há anos, um dos conselheiros mais próximos de Biden e foi seu chefe de Gabinete enquanto esteve na Vice-Presidência. Em 2014, o advogado foi responsável pela resposta do governo de Barack Obama à crise do ebola.
“Sua experiência profunda e variada, e a capacidade de trabalhar com pessoas em todo o espectro político é precisamente o que eu preciso em um chefe de Gabinete da Casa Branca, enquanto confrontamos este momento de crise e unimos novamente nosso país”, disse em comunicado o presidente eleito, que ganhou não só no Colégio Eleitoral segundo projeções da mídia americana a partir de apurações estaduais, como acumula uma vantagem superior a 5 milhões no voto popular.
O maior desafio inicial de Klain será formar uma equipe para além dos nomes do establishment democrata com quem Biden se cerca. Desde a vitória, grupos progressistas demandam espaço na nova administração, para além do cumprimento da promessa de campanha de formar um governo que “se pareça com o país”, com diversidade racial, pessoas LGBT, etc. Segundo o New York Times, outros nomes do Gabinete só deverão ser divulgados mais para o final do mês.
Enquanto isso, Trump e seus aliados lançam mão de uma cruzada judicial e uma campanha de desinformação para pôr em xeque a lisura do pleito e tentar descartar votos do adversário, mesmo sem quaisquer evidências de irregularidades. O Departamento de Justiça encabeçado por William Barr, por sua vez, permitiu a abertura de inquéritos federais para investigar supostas irregularidades sobre as quais não há comprovação.
Buscando apoio militar, Trump demitiu o ministro da Defesa, Mark Esper, e pôs aliados na cúpula do Pentágono e do setor de inteligência. Suas tentativas de forçar recontagens nos estados-chave também são questionadas, já que a margem da vitória do democrata é exponencialmente superior.
Até o momento fracassados, os avanços jurídicos do presidente devem continuar a ser mal-sucedidos, mas são sem precedentes na História recente americana. A atitude de Trump é comparada por historiadores à decisão dos estados do Sul, escravagistas, de não aceitar a vitória de Abraham Lincoln em 1860, dando início à guerra civil.
— É uma das ameaças mais graves à democracia — disse ao New York Times Ryan Enos, cientista social de Harvard. — O resultado [da eleição] é evidente e, ainda assim, o incumbente está criando ambiguidade baseando-se em acusações sem provas.
Segundo o jornal Washington Post, no entanto, Trump não pretende de fato reverter o resultado da eleição. Em privado, o presidente daria sinais de que não irá tentar se manter no poder a qualquer custo e de que pretenderia concorrer novamente em 2024, segundo funcionários da Casa Branca. Os mais de 70 milhões de votos que obteve nas urnas e a grande adesão da alta cúpula republicana à sua retórica deixam evidente que sua influência no partido não cessará após a posse de Biden em janeiro. As alegações de fraude, mais que tudo, incendeiam a base, mantendo-a mobilizada, segundo especialistas.
Caso Trump não admita a derrota nos próximos dias, dois momentos-chave nas próximas semanas deixarão mais claro até onde o presidente pretende levar sua cruzada. O primeiro deles é o prazo final para a certificação dos resultados pelos estados, 8 de dezembro, quando as 50 unidades da federação devem ter resolvido quaisquer disputas e designar seus delegados para o Colégio Eleitoral, que darão seus votos em 14 de dezembro. Se os republicanos ou a Casa Branca tentarem interferir neste processo, aponta Andrew Prokop, do site Vox, seria um sinal de agravamento do cenário.
Nesta quinta, os Elders, grupo formado por ex-líderes mundiais, manifestou preocupação com a relutância de Trump em admitir a derrota, dizendo que a ação demonstra desrespeito à integridade da democracia americana. O grupo fundado por Nelson Mandela é integrado por sua viúva, Graça Machel, a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, entre outros. O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso é membro emérito, assim como o americano Jimmy Carter.
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