Críticas da China a Bolsonaros tem significado maior
Foto: REUTERS
Um dos mitos mais repetidos sobre a diplomacia chinesa se refere a um comentário do primeiro-ministro Zhou Enlai. Em 1971, ele teria sido questionado por Henry Kissinger (diplomata e posteriormente secretário de Estado americano) sobre o que pensava sobre o impacto da Revolução Francesa. Sua resposta: “É muito cedo para dizer”.
Décadas depois, o mito foi desfeito. Zhou não tinha entendido a pergunta e pensava que o americano o questionava sobre os protestos estudantis em Paris, em 1968. Mas, entre parte dos diplomatas e analistas, o erro era “delicioso demais” para ser desmentido.
Seja qual for o motivo do engano, a realidade é que a resposta cabia como uma luva na narrativa que começava a ser construída sobre a paciência e visão de longo prazo da diplomacia chinesa. E, de fato, esse passou a ser um tom adotado por Pequim, construindo relações com metas ambiciosas e prazos alargados. Entre diplomatas europeus, correm ainda comentários sobre como cálculos de hoje no “Império do Meio” não visam ações imediatas, mas sua hegemonia a partir de 2050.
Diante de tal realidade, a decisão da China de emitir um comunicado violento contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, foi recebido como um recado claro dentro do Itamaraty de que a paciência dos chineses teria chegado a um limite.
Redação com Uol
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