Novo votou 100% a favor de Silveira
Foto: Geraldo Bubniak/AGB e Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Nem PSL, nem Republicanos, nem o PTB de Roberto Jefferson. O único partido a votar 100% a favor da soltura do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), acusado de ataques à democracia, na sexta-feira passada, foi o Novo. O episódio acirrou desentendimentos internos entre o grupo ligado a João Amoêdo, que pretende fazer oposição ao presidente Jair Bolsonaro, e a bancada da Câmara, que vota alinhada ao governo.
A disputa entre esses dois grupos, que teve influência nas eleições municipais, pode levar, segundo políticos ouvidos pelo GLOBO, à perda de filiados, principal fonte de renda do Novo, já que a sigla não usa fundos públicos.
A mais recente briga pública no Novo começou logo após a votação que manteve Silveira preso. Amoêdo reclamou no Twitter do que considerou uma mudança nos rumos da legenda: “Discordo do voto da bancada que foi contra a manutenção da prisão do deputado bolsonarista. É decepcionante, também, que o partido não seja oposição ao desgoverno que temos hoje. Não era esse o papel que imaginávamos para o Novo.”
Dentro do partido fundado com valores liberais e pró-mercado, há quem critique o apoio ao governo em votações, citando a intervenção política de Bolsonaro na Petrobras.
— Quando a gente criou o Novo, a proposta era fazer uma política inovadora, em oposição à política tradicional que ainda vigora. O Novo não foi criado para ser linha auxiliar a nenhum governo. Temos sido um pouco brandos em relação ao Executivo — disse Amoêdo ao GLOBO.
O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), desafeto de Amoêdo e uma das lideranças que levou à guinada da legenda à direita, rebateu o ex-presidente do partido também nas redes sociais: “Pena que discorda! Mas prova que o Partido Novo não tem dono mas valores! Defender princípios liberais e a Constituição, mesmo que um dos 181 fundadores não os defenda mais, dá orgulho!”, escreveu van Hattem.
O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) endossou as críticas do colega de bancada e chamou Amoêdo de “anti-líder, que divide o partido ao invés de unir”. Também integrante da bancada federal, Paulo Ganime (RJ) disse que “não existe briga interna”.
— Filiados como João Amoêdo têm todo o direito de opinar e manifestar se estão de acordo com o que o partido decide. Mas acho que se posicionar contra a bancada não é a melhor forma de agir — afirmou.
Segundo Ganime, a bancada votou a favor de Silveira porque entendeu que a prisão era ilegal, e não para ajudar um bolsonarista.
Diante da discussão pública dos últimos dias, políticos do partido tentaram colocar panos quentes.
— Eu não vejo como um racha, mas dores do crescimento. Nunca tive receio de o partido ser plural. Mas um desafio é que as divergências fiquem internas e não externas — disse a vereadora Janaína Lima, de São Paulo, próxima a Amoêdo.
Tanto para Janaína quanto para Ganime, o Novo não apoia o governo Bolsonaro, e sim a agenda econômica do ministro Paulo Guedes.
Amigo de Amoêdo e um dos primeiros filiados do Novo, Ricardo Negreiros diz temer que a disputa interna possa provocar problemas financeiros à legenda. Como a sigla não usa os fundo partidário e eleitoral para custear suas atividades e financiar candidaturas, depende da verba arrecadada com mensalidades pagas pelos filiados. O valor mínimo da contribuição é de R$ 32,84 por mês.
— Estão dividindo o partido e jogando contra a sua continuidade. A minha preocupação é que (o Novo) tenha superávit. Estão discutindo superficialmente a questão, de quem manda mais. Mas quero saber quem consegue trazer o Novo para um cenário sem perda financeira e de filiados. Se ninguém ligar para a questão financeira, daqui a pouco não tem mais Novo — disse Negreiros.
Segundo reportagem publicada pelo GLOBO no início do ano, o Novo foi o partido que mais perdeu filiados no ano passado: de 48.378, em janeiro, para 41.220, em novembro, uma queda de 15%.
— De fato, (a perda de filiados) é uma sinalização. Não acho que comprometa fortemente o crescimento do partido, mas é um alerta — afirmou Amoêdo.
O flerte com o bolsonarismo cria atritos entre duas alas do partido há algum tempo. A candidatura de Filipe Sabará à Prefeitura de São Paulo foi suspensa, no ano passado, por correligionários que não queriam uma aproximação do partido com Bolsonaro.
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