Ex-ministro da fazenda pede fim da perseguição a Lula
Foto: Marlene Bergamo/ Reprodução
Os eventos desta semana comprovaram que o ex-presidente Lula foi vítima de perseguição política, com o objetivo de retirá-lo da corrida presidencial de 2018. A decisão do ministro Fachin, invalidando todos os processos da Lava Jato contra Lula, atendeu a uma demanda da defesa… com três anos de atraso!
Nestes três anos, Lula foi preso injustamente, por 580 dias, tivemos uma eleição censurada e sofremos sob o atual desgoverno. Nada que o STF decida agora será capaz de reparar o dano sofrido por Lula e todos nós, mas vamos em frente. Parte da atual crise humana e econômica era inevitável.
A Covid-19 é doença grave e derrubou vários países. Por aqui não foi diferente, mas uma comparação internacional indica que poderíamos estar bem melhor. Na economia, por pressão do Congresso, o governo até foi bem em 2020, com injeção fiscal de R$ 524 bilhões (7% do PIB) na economia.
Devido a esse estímulo, a recessão foi bem menor do que a maioria de nós, economistas, previa em maio. O déficit público subiu menos do que se esperava, e a dívida pública terminou o ano passado bem abaixo das expectativas do próprio governo.
Diante de tamanho sucesso fiscal keynesiano, o que fez nossa equipe de ideologia econômica? Resolveu que a crise tinha acabado e cortou o “oxigênio” da economia. Houve parada súbita do auxílio emergencial e de outras medidas de transferência de renda, com retorno prematuro à consolidação fiscal.
O resultado é a queda provável do PIB no primeiro trimestre, com risco de recessão técnica no primeiro semestre. O fracasso da política econômica no início deste ano é grave, mas parece brincadeira de criança comparado ao que aconteceu na saúde pública.
O atraso da vacinação já custou milhares de vidas, sem sinal de arrefecimento no ritmo de novos casos e mortes a curto prazo. O descaso federal com medidas básicas de proteção (usar máscara para todos e distanciamento social para quem pode fazer distanciamento social) provavelmente contribuiu para outros milhares de mortes adicionais.
Diante de mortes em alta e PIB em baixa, o que alguns colegas economistas resolveram enfatizar nesta semana? Que a justiça feita à Lula seria ruim ao país, pois isso aumentaria a incerteza econômica e, pasmem, restringiria a escolha dos eleitores em 2022!
Esse tipo de análise me desperta sentimentos não cordiais, mas é preciso ter serenidade, mesmo diante de boçalidades. A incerteza econômica atual tem nome e endereço. Ela está nos terraplanistas do Palácio do Planalto e nos austríacos de circo do Ministério da Economia. O PT já não é governo há cinco anos, logo sugiro que a Faria Lima pare de criar espantalhos para cobrir a incompetência do governo que apoia.
A estratégia econômica de Guedes tem problemas devido às suas próprias fragilidades e inconsistências. Segundo, Lula, como qualquer um de nós, tem direito a um julgamento justo independentemente de ser ou não candidato em 2022. Misturar uma coisa com a outra só comprova o Estado de exceção sob o qual parte de nós vive desde 2016.
Por fim, sobre “polarização”, Lula já demonstrou ser um líder de centro, que preza pela democracia e governa para todos. Mesmo que não fosse assim, apresentar candidatura de “A” ou “B” não impede a candidatura de “C”.
Se “C” acha que pode ser eleito, que ele ou ela faça sua campanha e deixe os eleitores decidirem. Choramingar que outro potencial candidato deve desistir ou ser impedido de concorrer para que seu nome preferido seja eleito é coisa de gente mimada, ou de quem deseja cercear a escolha dos eleitores
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