Tuberculose resistente está ligada à covid

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Foto: Fabio Rossi

Dia 24 de março é o Dia Mundial da Tuberculose. Oposto de celebração, é fácil e triste a conspícua lembrança dessa doença endêmica, urbana, tão prevalente ainda entre nós, sendo o Brasil um dos países de maior carga entre os 22 listados pela Organização Mundial da Saúde, com 73 mil casos novos e 4.500 mortes a cada ano. Com o espaço midiático quase totalmente ocupado pela pandemia, e por que não dizer, o imaginário de tantos,observamos manifestações e reflexões extraordinárias geradas por esse fenômeno que modificou indelevelmente as nossas vidas e desafia a ciência.

Sabemos o impacto da pandemia sobre as doenças crônicas, como o câncer e as cardiovasculares, porém talvez seja a velha tísica, tão distante do lirismo dos poetas e boêmios, o exemplo mais paradigmático de enfermidade crônica afetada pela Covid-19. Já sabemos que durante o ano passado houve uma redução considerável, de mais de 20%, no número de casos notificados, bem como de mais de 40%, ao menos, de exames de diagnósticos para a tuberculose realizados em todo o país. Tratando-se de doença altamente transmissível, que exige tratamento longo por no mínimo seis meses, é de se estimar uma deterioração considerável no cenário epidemiológico brasileiro nos próximos anos.

Se quisermos traçar um paralelo com a pandemia da Covid-19, sua heterogênea e assimétrica distribuição em termos sociais, não apenas no Brasil (em Nova York, 40% das mortes ocorreram em população preta e pobre, por exemplo), observaremos que ambas têm a capacidade de sobrecarregar o sistema de saúde, em que pese a diferença entre uma doença bacteriana crônica, com longos tratamentos e internações, quando necessário, afastamento do trabalho e sequelas, e uma aguda, com alta taxa de mortalidade quando complicada. São ambas transmissíveis por via aerógena, podem ser facilmente diagnosticadas, e exigem um nível de informação pública e de consciência grande, para sua prevenção e diagnóstico. Nos primeiros trabalhos publicados na China, origem do Sars-Cov-2 e país de alta carga de tuberculose, a prevalência de tuberculose entre pacientes com Covid-19 variou entre 0,47 a 4.47%, sendo mais alta entre os acometidos de formas severas da virose.

Baseado nos mecanismos imunológicos envolvidos, publicamos recentemente um trabalho sobre as diferenças e similaridade entre as duas condições, demonstrando a desregulação das respostas imunes na Covid-19 e na tuberculose. Esse achado indica um risco comum favorecendo a piora da coinfecção, com o agravamento da virose e favorecendo a progressão da tuberculose. As evidências disponíveis sugerem que a Covid19 possa ocorrer antes, depois, ou mesmo durante o curso da tuberculose ativa. Dano tecidual pulmonar ou trombose, que podem ocorrer com hipóxia, como descrito na Covid-19 como sequela, podem igualmente ocorrer na tuberculose quando extensa nos pulmões. Será necessário demonstrar melhores evidências para determinar se a Covid-19 pode reativar ou deteriorar o curso da tuberculose, bem como o papel que a reabilitação funcional, especialmente a pulmonar, terá num futuro próximo.

Num país como o Brasil, e nesse agudo e gravíssimo momento no qual nos encontramos, não há como ser iconoclastas da tecnologia na saúde, como o filósofo e teólogo Ivan Illich pregou em relação ao excessivo e pouco criterioso uso de fármacos nos tempos modernos. Esperamos acesso e equidade aos melhores tratamentos para a tuberculose e vacinas imediatas para todos para a Covid-19.

O Globo

 

 

 

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