Marina quer que Lula faça “mea-culpa”
Foto: Marcos Michael/VEJA
A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (Rede) declarou, em entrevista ao Metrópoles, que uma possível abertura de diálogo com o Partido do Trabalhadores (PT) e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só ocorrerá após um reconhecimento dos erros cometidos durante o período em que o partido esteve no poder.
A candidata da Rede em 2018 mantém a postura crítica em relação à antiga legenda, apesar da anulação dos processos da Lava Jato contra o ex-presidente, que recuperou seus direitos políticos. “Se não fizer a autocrítica, fica muito difícil dialogar, como se nada de errado tivesse acontecido nos governos do PT”, disse Marina.
“Esse olhar para o que aconteceu precisa ser feito, sob pena de se estar realizando a repetição dos erros”, enfatizou.
Ao comentar o recente manifesto pela democracia, que contou com Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB-RS), João Amoedo (Novo), Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck, Marina disse que não chegou a ser convidada para assinar, mas, se tivesse sido chamada, não assinaria.
Para ela, o manifesto antecipa 2022. “Pelo que vi, são pessoas já postas como candidatas, pleiteando candidaturas”. “Não fui convidada. Talvez em função de posições já públicas que eu tenho assumido. Como não me coloquei na cadeira cativa de candidata, é impossível”, disse.
Marina também avaliou as recentes trocas de ministros e os reflexos da política bolsonarista na imagem externa do país. Para ela, não haverá melhora na reputação internacional do Brasil com a troca no comando do Ministério de Relações Exteriores se Bolsonaro mantiver Ricardo Salles à frente da pasta do Meio Ambiente. “A imagem do Brasil está muito queimada.”
“Um dos vetores dessa detonação da imagem do Brasil no exterior é, sem sombra de dúvida, o Ricardo Salles. Araújo é uma espécie de chama. Ricardo Salles é a brasa que alimenta a chama”, disse Marina.
Ele apontou que, caso o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresente na Cúpula do Clima uma postura de que os países desenvolvidos tenham que investir no Brasil para que o país preserve suas florestas, o ambiente ficará ainda mais hostil.
“O presidente [norte-americano Joe] Biden convocou a Cúpula do Clima para 22 de abril, que é o Dia da Terra, e, obviamente, se o presidente for lá com essa política humilhante de pedir dinheiro para poder cuidar dos nossos interesses, aí é que o Brasil vai ficar em uma situação difícil mesmo.”
Marina se colocou contrária à possibilidade de compra e distribuição de vacinas por empresas privadas fora do Plano Nacional de Imunização. Para ela, a medida criará a inconstitucional situação de “cidadãos de primeira e de segunda categoria”.
A ex-senadora ainda citou que a medida permitirá que a “vida seja decidida pelo poder econômico”, não pela necessidade do imunizante.
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