58% dos idosos já se vacinaram no Brasil

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Foto: Arthur Menescal/ Especial Metrópoles

A vacinação contra Covid-19 no Brasil segue avançando, mesmo que a passos lentos. Grupo prioritário, 58% (17.606.148 milhões) das pessoas com mais de 60 anos já receberam a primeira dose do imunizante. O número, apesar de ser alto, ainda precisa de ressalvas.

Segundo as fabricantes das vacinas disponíveis no Brasil, é recomendada a aplicação de duas doses para que elas funcionem. Quando consideramos esse grupo, 19% de toda a população acima de 60 anos no Brasil recebeu a imunização completa.

Segundo o Ministério da Saúde, pouco mais de 5 milhões de idosos estão protegidos contra o novo vírus. O Brasil tem mais de 30 milhões de pessoas nessa faixa etária, número que representa 13% da população do país.

No último dia 17, completou-se três meses desde que a primeira dose de vacina contra a Covid-19 foi aplicada em território brasileiro. Durante esse período, pessoas com mais de 60 anos foram escalonadas segundo a idade e chamadas para receber a dose, seguindo as regras estabelecidas pelo Plano Nacional de Imunização.

Pessoas mais velhas fazem parte do grupo de risco por causa do sistema imunológico, que responde de maneira menos ágil a doenças. Além disso, é mais comum haver comorbidades nessa faixa etária, o que num quadro grave de Covid-19 pode fazer com que o indivíduo evolua mais rapidamente para uma situação severa.

A médica infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia Raquel Stucchi afirma que a priorização desse grupo tão vulnerável seria para diminuir a mortalidade, o que não está acontecendo na velocidade correta.

“Sabemos há mais de um ano que quem morre mais é a população idosa e, mesmo assim, muitos lugares do país não começaram a vacinar nem abaixo dos 65 anos”, afirma.

Stucchi afirma que os resultados da imunização são baixos e muito aquém da capacidade já vista em outros programas no país. Segundo ela, 19% de idosos protegidos seria uma porcentagem aceitável, se fosse no final do primeiro mês de vacinação.

“Deveríamos estar com pelo menos 70% dessa população já vacinada”, diz a especialista que chama de “criminosa” a demora na imunização no Brasil.

Mortalidade por Covid-19 entre os acima de 60 anos continua sendo a maior no país
O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles analisou a incidência de mortes registradas entre os maiores de 60 anos e os menores de 59 anos desde março do ano passado. A base Sivep-Gripe, sistema usado pelo Ministério da Saúde para monitorar as internações nas redes pública e privada, mostra que os idosos são o grupo mais vulnerável a óbitos por Covid-19.

Nos dados analisados, foram considerados pacientes confirmados para o vírus Sars-Cov-2 e que evoluíram para um quadro de óbito por razão da Covid-19. Vale destacar que, por serem recentes, os números relativos a internações podem estar incompletos graças às diferenças nas atualizações feitas em todo o país.

Leila Cury, 39 anos, perdeu em 15 dias dois parentes que fazem parte dessa triste estatística. O pai e o tio dela foram vítimas do coronavírus em março deste ano, considerado até agora como o mês mais letal em toda a pandemia. Ambos, com 71 e 74 anos respectivamente, faleceram após travar uma saga à procura de atendimento em hospitais da cidade de Castro, há 159 km da capital do Paraná.

Kamal, seu tio, não soube onde contraiu. No primeiro posto de saúde em que foi, ouviu como diagnóstico que estava com uma gripe. Morreu após cinco dias em um leito de UTI. Já Roberto, seu pai, soube que contraiu o vírus no funeral do irmão – a última oportunidade em que a filha pôde abraçá-lo antes de sua morte, que aconteceu 11 dias depois.

Ela também perdeu, nesse meio tempo, um irmão de 43 anos, que tinha deficiência mental, e tem um tio internado por causa da Covid-19.

“Estava tudo indo bem, mas em 15 dias minha vida desmoronou”, diz Leila, emocionada.

Metrópoles

 

 

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