Saúde fez dez previsões erradas de entrega de vacinas
Foto: André Luiz D. Takahashi/Wikimedia Commons
O Ministério da Saúde não conseguiu em ao menos dez oportunidades, desde o início da vacinação, entregar o número de vacinas contra a Covid-19 que é prometido a cada cronograma anunciado. Demora no fechamento de contratos, atrasos na vinda de insumos de outros países — especialmente da China — e problemas com a autorização de imunizantes já comprados pelo país — como a Sputnik — levaram o Brasil a reduzir sucessivamente as quantidades de vacinas produzidas.
Em maio, por exemplo, o ministério não conseguirá entregar 31% das doses que haviam sido prometidas. O sistema de saúde deveria ter à disposição 46,9 milhões de vacinas, mas, segundo a nova previsão da pasta, 32,4 milhões de doses deverão ser entregues. As vacinas Sputnik (da Rússia) e Covaxin (da Índia) já encomendadas pelo governo não receberam o licenciamento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A redução na entrega de doses foi ainda maior em abril, quando quase a metade do previsto não foi entregue — das 47,3 milhões previstas, apenas 25,5 milhões foram disponibilizadas de fato. O Instituto Butantan não conseguiu, por conta da falta de insumos, completar a entregar de 4,6 milhões de doses da CoronaVac. O mesmo ocorreu com a Fiocruz, que previa entregar 8,85 milhões de doses da AstraZeneca. Um milhão de vacinas da Pfizer também não chegaram até o final do mês, como era esperado pelo Ministério da Saúde.
A pasta também tinha a expectativa de receber oito milhões de doses da Covaxin ainda em março, outras oito milhões em abril e quatro milhões em maio, mas a importação não foi autorizada pela Anvisa. Já da Sputnik foram compradas 10 milhões de doses, e 400 mil seriam entregues em abril, mas a vacina ainda não obteve autorização da agência federal.
Em uma reunião com prefeitos em fevereiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou aos governadores que não era necessário reservar parte do lote da CoronaVac para aplicação da segunda dose porque novas remesses de doses chegariam a tempo para aplicação, o que acabou não acontecendo.
Até agora, o país aplicou 55,5 milhões de doses, sendo 36,9 milhões na primeira dose. A expectativa da pasta é receber 662,9 milhões de doses até o final do ano, sendo 476,5 milhões no segundo semestre.
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