Mundo só estará todo vacinado em 2023
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O microbiologista John McConnell tem um privilégio único: ler em primeiríssima mão os estudos que avaliam a segurança e a eficácia das vacinas contra a covid-19.
O cientista é editor-chefe da The Lancet Infectious Diseases, revista científica que publicou as mais importantes pesquisas sobre a pandemia e os imunizantes nos últimos meses.
Ele é responsável por receber os manuscritos originais, enviados por laboratórios e especialistas de várias partes do mundo, e encaminhá-los para o time de editores independentes, que faz a revisão e a análise do conteúdo antes da divulgação.
Formado em microbiologia clínica e parasitologia pela Universidade East London, na Inglaterra, McConnell atua na The Lancet desde 1990.
Em 2001, ele foi um dos fundadores e logo tornou-se editor-chefe da The Lancet Infectious Diseases, uma revista voltada 100% para as doenças infecciosas.
No final de abril e no começo de maio, o cientista foi convidado para uma série de webinários no Brasil promovidos pela Elsevier, empresa de informação analítica responsável por diversas publicações científicas, incluindo a própria The Lancet.
Numa entrevista à BBC News Brasil feita por e-mail, McConnell avaliou o atual ritmo de vacinação no mundo e destacou que o fim da pandemia está necessariamente vinculado às ações globais.
“Acredito que nós conseguiremos sair juntos dessa pandemia, desde que não percamos o foco. Só assim faremos que a luz no fim do túnel não seja destinada apenas para ricos e afortunados, mas para todos”, disse.
Sobre a situação particular do Brasil, o microbiologista entende que nosso país precisa aliar duas estratégias: acelerar a imunização e promover as medidas preventivas.
“As duas ações precisam andar de mãos dadas. Depender inteiramente da vacina significa que o progresso será lento. Precisamos proteger as pessoas por meio de intervenções não farmacológicas, dando-as a oportunidade de serem vacinadas no futuro”, analisou.