Senadores apontam contradições de Pazuello
Foto: Isac Nóbrega/PR (16.dez.2020)
Os senadores do grupo de oposição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o chamado G7, apontaram diversas contradições no depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello nesta quarta-feira (19).
Uma delas foi a fala de Pazuello de que Bolsonaro nunca ordenou diretamente que a vacina fabricada pelo Instituto Butantan não fosse negociada, mesmo o presidente tendo realizado postagens feitas declarando que as compras não seriam feitas.
Os parlamentares também citam a frase “um manda e outro obedece”, dita pelo ex-ministro em um vídeo divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após Pazuello ter revelado a intenção de negociação da Coronavac.
O presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ao ex-ministro da Saúde que “faltar com a verdade vai dar consequências muito grandes”.
Pazuello também foi questionado sobre o termo “pixulé”, realizado em seu discurso de despedida da pasta. Segundo o ex-ministro, ele não quis citar ninguém nem nenhuma situação em específico.
“No final do ano, é normal ter recursos não aplicados, saldos não aplicados [então] prefeituras, hospitais começam – e não tem nada de ilegítimo – a [procurar] esses recursos. Neste ano [2020] não teve isso. Nós pegamos todos os recursos não aplicados, esses saldos, e aplicamos na Covid-19. Então não houve esse tipo de grana, esses pequenos saldos não aplicados. Não tem nada de errado”, disse Pazuello.
Sobre a crise de oxigênio no estado do Amazonas, Pazuello disse que a falta dos cilindros ocorreu entre 13 e 15 de janeiro. Ele foi rebatido pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que disse ter outra informação. “Faltou [oxigênio por] mais de 20 dias, é só ver o número de mortos.”
No entanto, o ex-ministro constatou que foi informado pelas autoridades do Amazonas da escassez no dia 10 de janeiro pelas autoridades. A secretaria de Comunicação (Secom) do Amazonas emitiu uma nota sobre as declarações de Pazuello na CPI referente ao assunto:
“A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) informou ao Ministério da Saúde sobre o assunto no dia 7 de janeiro. A comunicação foi feita por telefone, ao ministro Eduardo Pazuello.”
Outro ponto abordado pelo ministro foi não ter se omitido nas negociações de vacinas com a Pfizer. Ele relatou não ter fechado o contrato antes por causa de “cláusulas assustadoras”, como pagamentos adiantados e isenção de multas por atraso.
O depoimento do presidente da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, mostrou que o Ministério da Saúde efetivamente negociou as doses em agosto, quando foram feitas três ofertas. Depois o processo parou e foi retomado apenas em novembro.