Silêncio do Exército sobre Pazuello irrita Alto Comando
Foto: Reprodução
O silêncio do Ministério da Defesa e do Comando do Exército sobre a participação do general Eduardo Pazuello em ato político ao lado do presidente Jair Bolsonaro tem incomodado os militares da ativa. A avaliação é que Defesa e Exército já deveriam ter condenado a atitude do ex-ministro da Saúde.
Pazuello esteve ao lado de Bolsonaro em manifestação realizada no domingo (23), quando o presidente participou de um ato com motociclistas na cidade do Rio de Janeiro.
Por causa deste ato, o Exército abriu um processo disciplinar contra o general. Ele terá direito a apresentar sua defesa e, depois, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, decidirá se irá puni-lo ou não.
Entre os militares da ativa, há um consenso de que Pazuello precisa ser punido exemplarmente, para evitar que se crie um clima de desrespeito à hierarquia e às regras das Forças Armadas. O Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército proíbem que militares da ativa participem de manifestações políticas de caráter político.
Interlocutores do ministro da Defesa, Braga Netto, e do comandante Paulo Sérgio disseram ao blog que os dois, pessoalmente, sabem que Pazuello precisa ser punido diante da infração às regras do Exército, mas esbarram no fato de o ex-ministro da Saúde ter participado do ato junto com o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo um desses interlocutores, Bolsonaro colocou Braga Netto e Paulo Sérgio numa saia justa. O ideal seria o próprio presidente admitir publicamente que Pazuello não deveria ter ido à manifestação, ajudando as Forças Armadas a resolverem o caso internamente.
Dentro do governo, a defesa é que seja encaminhada uma “solução diplomática” para o caso. Pazuello pediria para ir para a reserva e sofreria pelo menos uma advertência por ter infringido as regras disciplinares do Exército.
O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann avalia que, no caso Pazuello, o “comandante supremo, o presidente da Republica, tem a suprema responsabilidade de preservar a hierarquia e a disciplina nas Forças Armadas. Caso contrario, instala-se a anarquia no meio militar”.