Governo paulistano organiza protesto contra Bolsonaro

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Foto: Jardiel Carvalho-31.jan.2020/UOL

A Prefeitura de São Paulo realizará entre 3 e 6 de junho a segunda edição de seu festival contra a censura no governo Jair Bolsonaro. Batizado de Verão Sem Censura em 2020, seu ano de estreia, desta vez ele se chamará São Paulo Sem Censura.

No ano passado, o evento abrigou peças teatrais e outros eventos que sofreram represálias ou censura do governo federal.

Desta vez, terá programação adaptada devido às exigências de distanciamento social durante a pandemia da Covid-19, com transmissões on-line de debates, intervenções urbanas, shows e mostras de cinema.

A programação será dividida em quatro eixos: Excluídos da Fundação Palmares, Censura Prévia na Lei Rouanet e Ancine, Liberdade de Imprensa e de Expressão e Políticas de Silenciamento.

A intervenção artística “Circuito Urgências: Palmares é Aqui!”, por exemplo, exibirá vídeo em homenagem àqueles que foram excluídos da lista de personalidades negras da Fundação Palmares, como Benedita da Silva (PT-RJ), Martinho da Vila e Leci Brandão (PCdoB-SP).

Esse material será exibido em LED trucks, estruturas móveis com painéis de LED e som que irão realizar percursos partindo de bairros periféricos (Itaquera, Vila Nova Cachoeirinha e Perus) até o centro da cidade.

Na sexta-feira, 4 de junho, às 20h, os atores da companhia teatral BR116 lerão trechos da peça “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, no Theatro Municipal, com transmissão on-line. Um projeto da BR116 para encenar a peça foi arquivado sem qualquer explicação pela Secretaria Especial da Cultura do governo federal, comandada por Mario Frias, como mostrou a coluna da Mônica Bergamo.

O grupo, que atua há dez anos, nunca tinha tido problema com aprovação de projetos na Rouanet. O texto da peça trata de uma metáfora das torturas do regime militar no Brasil a partir de um episódio histórico: o de Branca Dias, que foi condenada pela Inquisição por salvar um padre do afogamento.

No sábado, 5 de junho, às 11h, João Paulo Cuenca e o jornalista Mário Magalhães debaterão a judicialização da arte e de artistas a partir do caso do escritor, que publicou um tuíte e se tornou alvo de mais de 100 processos movidos por pastores da Igreja Universal.

A programação completa ainda será divulgada pela Prefeitura de São Paulo.

Em 2020, o evento teve como um dos maiores entusiastas o então prefeito Bruno Covas (PSDB), que morreu no domingo (16) em decorrência de um câncer.

O São Paulo Sem Censura será um dos primeiros grandes eventos na cidade com Ricardo Nunes (MDB) como prefeito.

“O São Paulo Sem Censura se consolida como um marco do calendário cultural da cidade, de contraponto às políticas baseadas no ódio, na criminalização do artista e no cerceamento da liberdade de expressão, através de um tipo de censura prévia”, diz Alê Youssef, secretário de Cultura.

“O festival é um reforço da ideia de que a cultura é uma saída justa, próspera e democrática para a crise humanitária que vivemos e precisa ser valorizada e não censurada”, completa.

Folha de S. Paulo