
Em depoimento à CPI, Queiroga anuncia acordos com laboratórios chineses
Foto: PABLO JACOB / Agência O Globo
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à CPI nesta terça-feira que há negociações com dois laboratórios chineses que fazem vacinas contra a Covid-19. Até o momento, o Ministério da Saúde já adquiriu doses da CoronaVac, que foi desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e, no Brasil, é produzido pelo Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
— Buscamos adquirir mais doses. Sendo possível, teremos a Cansino. A Sinopharm é parecida com a CoronaVac, e também existem negociações — disse o ministro.
Durante seu depoimento, Queiroga defendeu a vacinação e afirmou que uma campanha eficaz é a saída para superar a pandemia. Ele destacou que já foram distribuídas 105 milhões de doses aos estados e municípios, mas apenas cerca de 30% da população adulta recebeu até o momento a primeira dose, e somente 14% recebeu as duas.
O depoente reconheceu que a vacinação não está no ritmo que desejaria e pontou duas razões: houve atraso no envio de insumos produzidos na China ao Brasil; e a imunização de pessoas com outras doenças foi em um ritmo mais devagar.
No entanto, o ministro afirmou que seu compromisso é acelerar o processo no Brasil, e destacou que está sendo veiculada uma campanha publicitária para que a população não apenas se imunize, como também adote as chamadas medidas não farmacológicas, como o uso de máscara e o distanciamento social.
Queiroga disse que a ButanVac, a vacina ainda em testes que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, é uma “excelente alternativa para o Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Sobre a possibilidade de adquirir mais 30 milhões de doses da CoronaVac no fim do ano, ela afirmou que é uma época em que o Brasil terá muitas vacinas e avalia que seria melhor comprar a ButanVac.
— Na segunda, eu conversei com o Dimas [Covas, diretor do Butantan] pelo WhatsApp e falei para ele: Dimas, por que, em vez de a gente trabalhar com esses 30 milhões de CoronaVac, a gente já não faz aqui um acordo visando aos 30 milhões de ButanVac?. Já que a ButanVac já tem a pesquisa pré-aprovada pela Anvisa, então eu acho que seria um direcionamento mais adequado do Ministério da Saúde apostar na ButanVac do que na CoronaVac.
O ministro disse que o Minstério da Saúde não está investindo dinheiro na ButanVac, mas pode vir a fazer isso. Informou ainda que a pasta já recebeu alguma proposta para o fornecimento das doses pelo Butantan. E afirmou que a ButanCac tem um custo menor e até começou a falar sobre questionamentos à eficácia da CoronaVac.
— A vacina ButanVac vai sair por um custo menor do que o da CoronaVac, é uma vacina que é uma promessa da tecnologia brasileira, o desenvolvimento do complexo industrial da saúde. Apesar de entendermos que a CoronaVac é uma boa vacina, já surgem questionamentos acerca da sua efetividade. Eu não quero aqui adentrar em um conhecimento mais definitivo, até porque falta evidência. Então, por uma estratégia, o Ministério da Saúde pensa que investir na ButanVac seria a melhor opção, sem prejuízo de podermos adquirir esses 30 milhões de doses da CoronaVac também — disse Marcelo Queiroga.
Segundo ele, se essas doses da CoronaVac estivessem disponíveis agora, seriam uma boa opção:
— Se a CoronaVac estivesse disponível para esse momento, esse período de julho, agosto, que é um período em que a gente tem alguma dificuldade com vacina, é uma boa opção para o nosso sistema, já que é um agente imunizante que tem validação da Anvisa.