Bolsonaro já admite “roubalheira” no caso Covaxin
Foto: INDRANIL MUKHERJEE / AFP
O presidente Jair Bolsonaro acusou nesta quinta-feira (24) que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) quer “desestabilizar” o governo. Ele, no entanto, afirmou que “pode até haver roubalheira” no caso denunciado pelo parlamentar, que disse ter alertado o presidente sobre pressões no Ministério da Saúde para a aquisição da vacina indiana Covaxin a preços superfaturados.
Bolsonaro fez as afirmações durante sua live semanal nas redes sociais, que por conta da viagem de Bolsonaro ao Rio Grande do Norte foi exibida nesta noite com duas horas de atraso, às 21h.
Após haver criticado a imprensa ao longo do dia por dar atenção à denúncia, ele chamou o caso de “coisa tão ridícula” na transmissão.
Bolsonaro também admitiu ter pedido à Polícia Federal que investigue a conduta de Miranda, conforme havia anunciado na quarta-feira (23) o ministro da Secretaria-Geral, Onys Lorenzoni.
“Se tiver roubalheira no meu governo, em um ministério qualquer, porque pode haver… Até pode haver. Se Deus quiser não vai ter”, disse Bolsonaro, que fez a live acompanhado do ministro das Comunicações, Fábio Faria.
“Pode [haver roubalheira]? A gente vai tomar as providências. Como determinei que a Polícia Federal investigue esse caso desse deputado aí, que tem uma ficha, tem um prontuário na verdade bastante extenso e fez isso.”
Acusado pelo parlamentar de não ter tomado providências diante da denúncia, Bolsonaro destacou que a conversa ocorreu em março. Mas, ao admitir o encontro, não deixou claro se Miranda de fato o alertou sobre a Covaxin.
“Isso aconteceu em março. Quatro meses depois, ele resolve falar para desgastar o governo. O que ele quer com isso? Andou comigo de moto em Brasília. Esteve aqui conversando comigo, eu abro as portas aqui para todo mundo. Bem, vai ser apurado e, com toda a certeza, quem buscou algo a mais aí vai se dar mal”, disse o presidente.
“É uma coisa que aconteceu e ele não falou nada de corrupção em andamento. Não tem nada. Não tem nada. Passaram quatro, cinco meses depois que ele conversou comigo. Conversou, sim, não vou negar isso aí. Não aconteceu nada. Não entrou no Brasil uma só dose de Covaxin. Não foi gasto um centavo com aquilo.”
O presidente, que costuma repetir que não há casos de corrupção em seu governo, defendeu-se dizendo que não foi gasto “um centavo” com a vacina indiana sob suspeita.
“Corrupção? Nós não gastamos um centavo com a covaxin. Não recebemos uma dose da Covaxin. Que corrupção é essa?”, questionou.
Na transmissão, ele ainda pôs sob suspeita a eficácia de vacinas e atacou o uso de máscara com alegações que a ciência comprovou ser falsas, como a de que quem já teve o coronavírus não pode ser infectado novamente.
Bolsonaro também criticou o uso de máscara por crianças. Horas antes, no Rio Grande do Norte, ele foi flagrado retirando a máscara de uma criança ao pegá-la no colo. Na cerimônia de inauguração de uma obra no Estado, Bolsonaro ainda pediu que outra criança, de 10 anos, retirasse a máscara para recitar um poema para ele no palco.
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