Banqueiros e empresários criticam ameaças de Bolsonaro

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Foto: Reprodução

Um grupo de economistas, banqueiros, empresários e representantes da sociedade civil assinou um manifesto para preservar as instituições democráticas no país. Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema de votação eletrônica no Brasil e as fortes críticas ao Poder Judiciários, reiteradas ontem, têm preocupado uma parte relevante do setor privado, que decidiu assinar um protesto em defesa das eleições.

“Não podemos assistir a isso parados. Vemos o Poder Executivo desafiando o Poder Judiciário”, disse ao Valor José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse. Olympio disse que o grupo se organizou diante da necessidade da sociedade civil ter de se posicionar para que as instituições brasileiras não sejam ameaçadas.

Walter Schalka, presidente do grupo Suzano, maior produtora de celulose do mundo, disse que o objetivo desse manifesto é preservar as instituições democráticas. Neste momento, Schalka não vê as instituições ameaçadas, mas disse que é importante reforçar a relevância da democracia para as futuras gerações.

“Voto impresso é um retrocesso. Não houve indício de fraude. Não há lógica de se levantar essa questão em um momento que o país está atravessando uma crise sanitária e precisa colocar em pauta reformas estruturais e investir em saúde e educação”, afirmou o executivo.

No manifesto que tem a assinatura de importantes advogados, como Alexandre Bertoldi, gestor do Pinheiro Neto Advogados; economistas, como Ana Carla Abrão e Affonso Celso Pastore, o cardeal de São Paulo, dom Odilo Scherer, banqueiros, como Candido Bracher, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal (do Itaú Unibanco), além de empresários, como Frederico Trajano, do Magazine Luiza, o grupo defende que a estabilidade política e econômica do país se estabelece com base na democracia e reforça que a Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas no mundo.

Empresários e banqueiros têm sido mais vocais nos últimos meses. Em março, mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram uma carta aberta pedindo medidas mais eficazes para o combate à pandemia do coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chamava a atenção para o momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país.

O setor privado com a sociedade civil também já tinham se manifestado meses antes, com a crise ambiental e fizeram pesadas críticas à gestão do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que pediu demissão no fim do mês de junho.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro ameaçou por ao menos três vezes agir à parte da Constituição ao criticar e abertura de um inquérito contra ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ataques às urnas eletrônicas. Bolsonaro afirmou que, como o inquérito não está dentro das quatro linhas da Constituição, o “antídoto” para ele também não está. As ameaças foram feitas pelo presidente durante entrevista ao programa “Pingos nos Is”, da rádio Jovem Pan, de São Paulo.

As ameaças ocorreram em momentos diferentes do programa, sempre com teor parecido.

“Estão se precipitando. Um presidente da República pode ser investigado? Pode, num inquérito que comece lá no Ministério Público e não diretamente de alguém interessado”, disse Bolsonaro na primeira intervenção. “Esse alguém vai abrir inquérito, vai começar a tratar provas e essa mesma pessoa vai julgar? Eu jogo dentro da quatro linhas da Constituição. E jogo, se preciso for, com as armas do outro lado. Nós queremos paz, queremos tranquilidade.”

Valor Econômico

 

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