Postagens da direita sobre voto impresso disparam na rede
Foto: Reprodução
Publicações sobre o voto impresso nas eleições brasileiras, bandeira defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, dispararam nas redes sociais a partir da instalação da CPI da Covid no Senado, em abril, desde quando o governo passou a sofrer o desgaste das revelações trazidas pela comissão, acentuando sua queda de popularidade. O levantamento foi feito pela consultoria Novelo Data a pedido do GLOBO com base em dados sobre o YouTube, Facebook e Instagram.
Nesta quinta-feira, a proposta que previa a implementação do sistema impresso a partir do ano que vem foi rejeitada por 23 votos a 11 na comissão especial da Câmara dos Deputados.
No YouTube, postagens sobre o tema nos 270 maiores canais de direita, a maioria bolsonarista, somaram 203 vídeos entre abril e a última quarta-feira. O número é mais de oito vezes maior do que os 24 vídeos compartilhados nos cinco meses anteriores. E grande parte deles dissemina a narrativa sem evidências do presidente de que há fraude nas urnas eletrônicas.
Movimento semelhante ocorreu no Facebook e Instagram. As publicações sobre o assunto em páginas egrupos públicos passaram de 140 em março, para 766 em abril, segundo dados do CrowdTangle, plataforma oficial de métricas e dados das empresas. Em julho, as publicações ultrapassaram a marca de 5,4 mil.
— Ao analisar dados das três redes sociais, fica evidente que existe uma campanha coordenada do bolsonarismo na defesa de voto impresso a partir da instalação da CPI. Há uma reação, e a base acompanha Bolsonaro — resume Guilherme Felitti, da Novelo Data.
A alta ocorreu a partir da terceira semana de abril, segundo os dados. No dia 8, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou a criação da CPI.
No YouTube, O GLOBO identificou ao menos 11 vídeos com afirmações de que há fraude nas urnas eletrônicas ou que apontam alta probabilidade de fraude publicados nos últimos anos. Eles somam mais de 7 milhões de visualizações. Não há qualquer comprovação de irregularidades relacionadas aos equipamentos desde que eles passaram a ser usados no país, em 1996.
Entre os canais listados, está o de Bolsonaro, que tem feito declarações públicas com alegações de fraude nas eleições e ameças à realização do pleito de 2022. O vídeo em questão é a live transmitida na plataforma na semana passada, que soma mais de 990 mil visualizações, que motivou o TSE a abrir uma investigação contra Bolsonaro por ataques sem provas ao sistema eleitoral.
Outro caso recente é do pastor Silas Malafaia, alinhado ao presidente. Em vídeo publicado em 6 de julho, o religioso afirma que “apuração em segredo já é fraude” ao defender o voto impresso.
Parte dos conteúdos está no ar desde as eleições de 2018. Em um deles, Naomi Yamaguchi, irmã da médica bolsonarista Nise Yamaguchi, entrevista uma fonte anônima que afirma ter encontrado fraudes nas urnas eletrônicas em 2014. Trecho da publicação foi exibido na live de Bolsonaro. O conteúdo foi replicado por canais bolsonaristas, como o do ex-candidato a deputado pelo PSL Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, conhecido como Ramiro dos Caminheiros.
As regras sobre alegações de fraudes nas eleições variam de acordo com a plataforma. No o YouTube, não há normas específicas sobre o tema no Brasil. A plataforma tem entre suas políticas contra a desinformação uma proibição de conteúdo com alegações falsas de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados mudaram o resultado de qualquer eleição presidencial, mas a medida só vale para os EUA.
Já o Twitter tem proibições voltadas para a contestação de desfechos eleitorais. A plataforma afirma que marcará ou removerá “informações falsas ou enganosas destinadas a colocar em dúvida a confiança pública em eleição”, o que inclui “alegações polêmicas que possam colocar em questão a fé no ato em si, como informações não verificadas sobre fraude eleitoral, adulteração de votos ou certificação dos resultados da eleição”.
Questionado sobre a falta de regras sobre fraudes eleitorais no Brasil, o YouTube disse que sua política “é atualizada regularmente para que seja capaz de endereçar mudanças nos contextos sociais e temas emergentes sujeitos a desinformação” e destacou que trabalha para que “seja uma fonte cada vez mais confiável de informações sobre o processo eleitoral”. Facebook e Instagram não se manifestaram.
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