Prefeito do Rio diz que Jefferson foi preso por “opiniões”
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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) disse hoje que o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), “parece cada dia mais doido”, mas criticou a prisão preventiva determinada contra ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Não sou aliado e não tive apoio. Vejo vídeos dele e parece que está cada dia mais doido, discordo de tudo o que ele tem dito, mas tenho dificuldade com essas prisões por opiniões. Claro, não conheço o processo, mas tenho horror a qualquer medida autoritária”, afirmou Paes no UOL Entrevista.
A democracia e as liberdades devem valer para todos. Se a prisão for só pelas opiniões que ele tem manifestado, não me parece muito adequada.” Eduardo Paes sobre prisão do ex-deputado Roberto Jefferson
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Roberto Jefferson foi preso por envolvimento em uma suposta milícia digital que atual contra a democracia. Ele aparece em vídeos empunhando armas, pedindo o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e contrariando medidas sanitárias contra o coronavírus.
Desde que o presidente Bolsonaro passou a defender o voto impresso, Jefferson repete o discurso de que houve fraudes em eleições com urnas eletrônicas.
Ao UOL Entrevista, Paes disse que a “estratégia” do presidente Bolsonaro está funcionando: “Estamos no auge da pandemia, 15% de desemprego, empobrecimento, inflação na lua e a gente debatendo o voto impresso”.
Mesmo assim, o prefeito do Rio diz não concordar com um processo de impeachment contra Bolsonaro, “a não ser que cometa crime de responsabilidade digno desse nome”.
Acho que estamos muito próximos das eleições, prefiro estabilidade democrática. As instituições são fortes o suficiente para sustentar esse besteirol.” Eduardo Paes critica postura do presidente Bolsonaro no UOL Entrevista
Paes também classificou as declarações de Bolsonaro sobre o coronavírus e o voto impresso como “absurdas”.
O UOL Entrevista foi conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral, a repórter Lola Ferreira e o colunista do UOL, Tales Faria.
O inquérito das milícias digitais foi aberto em julho, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, após reunir conteúdos coletados pelas investigações ocorridas no âmbito dos inquéritos das Fake News e dos atos antidemocráticos.
Em uma conversa obtida pela PF, o ex-deputado Jefferson afirmou defender um “ato institucional”, nos moldes do AI-5, contra o STF. A fala teria sido endereçada ao empresário e militante bolsonarista Otávio Fakhoury.
O inquérito em andamento tem acesso às provas obtidas pela investigação sobre fake news, o que manteve na mira alguns investigados como Roberto Jefferson. A delegada do novo inquérito, Denisse Dias Rosas Ribeiro, também atuou na investigação sobre atos antidemocráticos.
A nova investigação foi aberta no mesmo dia em que Moraes determinou o fechamento, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), do inquérito dos atos antidemocráticos, que foi aberto no ano passado. Nesta investigação, dividida em quatro núcleos de apuração da organização (produção, publicação, financiamento e político), a Polícia Federal investiga possível atuação de grupos bolsonaristas no financiamento e promoção de disseminação de notícias falsas.
Os investigadores também apuram se há relação entre os ataques a órgãos públicos com o chamado “gabinete do ódio”, que contaria com a suposta influência de filhos do presidente Jair Bolsonaro, e se os ataques eram supostamente financiados com dinheiro público.