Variante delta já interrompe abertura nas metrópoles

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Foto: Mathias Wasik/Getty Images

A dispensa do uso de máscaras contra a Covid-19 em capitais pelo mundo, como Nova York, Tel Aviv e Paris, sinalizaram a retomada de rotina sem as restrições impostas pela pandemia.

O otimismo, contudo, que começava a se propagar em países com campanhas avançadas de vacinação, deu espaço à cautela, diante da propagação da variante Delta.

Na cidade de Nova York houve queima de fogos de artifício, em 19 de maio, para celebrar a redução significativa das restrições contra a Covid-19 – entre as quais, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras para pessoas imunizadas com vacina (com exceção do transporte público e de escolas).

Paris também estava em clima de comemoração em 17 de junho quando o governo francês desobrigou o uso de máscaras em ambientes abertos, exceto em situações específicas, como filas, transportes públicos, feiras livres e arquibancadas.

“Foi uma liberação extremamente precipitada”, enfatiza Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Na avaliação do especialista, a chamada imunidade coletiva – apontada como um estágio de proteção contra um vírus suficiente para impedir sua propagação – é alcançada com 80% da população imunizada.

No último dia 27 de julho, o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do governo americano voltou atrás e recomendou que a população voltasse a usar máscaras em ambientes fechados.

“A variante Delta veio azedar nosso leite. Tudo parecia bem, parecia que nos aproximávamos da luz no fim do túnel. Mas ela veio para mostrar que a gente precisa de um tempo a mais para controlar a pandemia”, pontua Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A docente avalia que alguns países, com destaque para os Estados Unidos, erraram na avaliação sobre o momento de flexibilizar as normas. “O que mais precisamos neste momento é que a vacinação seja acelerada. Vemos claramente o impacto da variante Delta nos EUA. Quem não se vacinou apresenta casos mais graves, com registros de hospitalização e até de mortes”, frisa Raquel Stucchi.

Nos Estados Unidos, a vacinação com duas doses ou imunizante de dose única alcançaram metade da população. E, com a variante Delta, a propagação do coronavírus que parecia controlada voltou a ter aumento acelerado.

Em apenas duas semanas, o número diário de infecções pelo coronavírus cresceu mais de 100% no território americano. Subiu de 50.150 casos, registrados em 23 de julho, para 100.199 no dia 5 de agosto. No mesmo período, a quantidade diária de mortes chegou a 439 – aumento de 74% em 14 dias.

O Brasil registrou na última sexta-feira (13/8) um total de 926 óbitos por Covid-19 em 24 horas. Como esse número, o país se manteve por 14 dias seguidos abaixo da marca de 1 mil mortes diárias. Em maio de 2021, a quantidade girava em torno de 1.900 falecimentos por dia.

Weissman avalia que o exemplo de outros países deve servir como referência para a retomada nas cidades brasileiras. “Não podemos de maneira alguma parar com o distanciamento social e o uso de máscaras”, alerta o infectologista do Emílio Ribas.

Para Raquel Stucchi, no cenário atual influenciado pela variante Delta no país, é necessário “manter o uso de máscaras inclusive em locais abertos”.

Metrópoles

 

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