Militares fortalecem discurso golpista de Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

E se restar comprovado que Jair Bolsonaro escreveu a mensagem repassada por WhatsApp para um grupo de ministros, em que fala sobre a necessidade de um “contragolpe” e convoca apoiadores a se manifestarem no dia 7 de setembro, com o objetivo de mostrar que ele e as Forças Armadas têm apoio para uma ruptura institucional?

Seria o caso de abertura imediata de um processo de impeachment, algo que só debaixo de pau e pedra poderia ser arrancado do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). A quem o procurou na semana passada, Lira disse que, enquanto tiver R$ 11 bilhões do Orçamento para administrar, não mudará de posição.

O mais provável é que Bolsonaro negue a autoria da mensagem. No máximo, dirá que a repassou como costuma fazer com as que chamam particularmente sua atenção. O fato não deixará de ser menos grave por isso. E se somará a dezenas de outros que indicam sua opção de agir fora das quatro linhas da Constituição.

Para tanto, sente-se autorizado pela cumplicidade escandalosa dos seus ex-companheiros de farda. Eles não só o ajudaram a se eleger presidente como fazem parte do governo, compartilham muitas de suas ideias e não querem, em hipótese alguma, a volta de um presidente de esquerda ou de algo parecido com isso.

Invocam o que está escrito na Constituição para justificar sua obediência irrestrita às ordens do supremo comandante das Forças Armadas, embora possam discordar de uma ou de outra. Por eles, por exemplo, não haveria espaço no governo para o Centrão. Mas se convenceram de que, sem o Centrão, é impossível governar.

Ressentem-se da saída do governo do ex-juiz Sérgio Moro, a quem honraram com todo tipo de comenda. No primeiro momento, tentaram convencê-lo a ficar. Desde então dizem que Moro não foi capaz de lidar com Bolsonaro e de entender que a Polícia Federal não é só um instrumento de Estado, mas também de governo.

O alinhamento dos militares com o presidente é completo quando se trata do Supremo Tribunal Federal. Eles veem o Supremo como um covil de ministros de esquerda que interpretam as leis de acordo com suas inclinações e que estão empenhados em derrubar o governo. De resto, acham que a Constituição deveria ser revista.

O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, já foi mais bem visto entre seus colegas. Muitas de suas atitudes são alvo de críticas duras, sendo a mais recente a que causou indignação – o encontro sigiloso de Mourão com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Disso aproveitou-se Bolsonaro para martelar ao ouvido deles que Mourão conspira para assumir o seu lugar. Pobre Mourão! Um dos motivos para que não haja impeachment é porque à oposição também não interessa trocar Bolsonaro por ele. E se o general fosse candidato à reeleição? É um direito que teria.

Bolsonaro quer ver seus seguidores nas ruas no dia 7 de setembro, para dar a impressão de que o desfile militar foi realizado também em seu apoio. Seu discurso alimenta-se de mentiras. Na semana passada, ele acenou para ruas vazias em Juazeiro do Norte, no Ceará, e foi recebido com gritos de “genocida”.

Nada que uma boa edição de imagens não possa resolver depois.

Metrópoles

 

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf