Metade dos PMs com perfis na Internet seguem e comentam bolsonaristas

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Foto: Reprodução/ Folha

Quase metade dos policiais militares brasileiros (48%), da ativa ou da reserva, com perfis abertos em redes sociais interagiram com páginas de conteúdo bolsonarista entre janeiro e agosto deste ano —21% estavam em redes moderadas e 27% marcaram presença em redes mais radicais, de conteúdo disruptivo e antidemocrático.

Os dados são do estudo “Política entre policiais militares, civis e federais do Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A entidade atualiza agora levantamento semelhante feito no ano passado e aponta para um aumento da aderência de PMs às redes ligadas ao presidente Jair Bolsonaro. A pesquisa não faz distinção entre policiais da ativa e da reserva.

Em 2020, 38% dos policiais militares com presença nas redes sociais interagiam com redes bolsonaristas, sendo 17% com redes moderadas e 21% com grupos radicais. Foram analisados 651 usuários de Facebook e Instagram. A margem de erro do estudo é de três pontos para mais ou para menos.

“Diante das ameaças em torno dos atos de 7 de Setembro, avaliamos que era importante a atualização desses dados”, explica o sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum.

“Os resultados mostram que o problema está nas Polícias Militares, que apresentaram o maior aumento de interações com o bolsonarismo, inclusive com grupos de discursos mais radicalizados”, diz Lima.

“Mesmo assim, essa parcela bolsonarista ainda é minoritária no total de policiais. O problema é que se trata de uma parcela bastante significativa e bastante barulhenta.”

O cientista político Jorge Zaverucha, professor titular aposentado da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), diz enxergar “um certo exagero na ligação entre o bolsonarismo e as Polícias Militares”.

“É claro que existem setores da PM que são bolsonaristas, mas isso não é majoritário. Não me parece que haja uma coordenação nacional dentro das polícias para apoiar Bolsonaro”, avalia.

Entre policiais civis e federais, o levantamento também detectou, dentro da margem de erro, aumento de interações com redes bolsonaristas moderadas e radicalizadas.

Entre policiais civis, 13% interagem com redes bolsonaristas, sendo 6% deles com a ala mais radical dos apoiadores do presidente. Entre policiais federais, 17% marcam presença nas redes de apoio a Bolsonaro, sendo 7% deles frequentadores das redes radicalizadas.

O estudo aponta que policiais interagem com redes bolsonaristas acima da média da população que mantém perfis nas redes sociais. Enquanto 10% dessa parcela interage com as redes moderadas de apoio ao presidente e 17%, com bolsonarismo radicais, entre os policiais 17% interagem com redes moderadas e 21%, com redes radicalizadas.

A pesquisa classificou como redes bolsonaristas institucionais ou moderadas aquelas em que há manifestações de apoio ao presidente sem menção de ruptura institucional. Já as páginas que fazem apologia de ações antidemocráticas, como fechamento do STF ou do Congresso ou a prisão de ministros, foram classificadas como radicais.

Para Lima, o crescimento nas interações com as redes antidemocráticas é condizente com o processo de radicalização que o próprio presidente Jair Bolsonaro colocou em prática desde o ano passado, com a escalada de seu discurso golpista de ataque às instituições e aos demais Poderes.

“As normas vigentes vetam manifestações políticas de policiais da ativa. As leis que regem a segurança precisam ser modernizadas e valorizar os policiais. Mas isso não autoriza o desrespeito a elas. No caso de violações, há punições previstas”, diz Lima.

A cientista social Esther Solano, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pesquisadora do bolsonarismo desde 2017, conta já ter detectado o que chama de “hiperradicalização da base radical dos eleitores de Jair Bolsonaro”. “Um discurso mais violento da ala radical provocou um descolamento da base moderada de apoio ao presidente, que se sente ameaçada por essa radicalidade”, explica.

Pablo Ortellado, professor de gestão de políticas públicas da USP-Leste e autor de estudos de monitoramento de redes, afirma que o estudo do Fórum é sério e muito importante, mas tem limitações porque “a amostra pode estar distorcida, e não se sabe em que direção”.

Ortellado avalia que o fato de o estudo apontar quase 50% dos PMs em redes sociais alinhadas ao bolsonarismo não significa necessariamente que metade dos policiais militares que estão nas ruas sejam bolsonaristas. Para ele, “é notável a comparação entre as forças policiais e a diferença da PM em relação às demais polícias”.

“Isso mostra uma diferença de penetração do bolsonarismo entre as forças, algo que tem consequências políticas relevantes na situação que o Brasil está vivendo. No caso de os PMs se insurgirem, por exemplo, pode ser que a gente conte com o apoio da Polícia Civil. E isso é relevante numa situação de caos generalizado.”

Folha de S. Paulo

 

 

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