Superpartido de direita acha que ocupará “terceira via”
Foto: Valter Pontes/SECOM
O novo partido formado pela união de DEM e PSL já tem nome e número: se chamará União Brasil e será identificado pelo número 44 nas eleições. A legenda será a maior no Congresso, com 81 deputados e sete senadores. As negociações pela fusão do partido já estão avançadas e, segundo fontes do DEM, espera-se que a oficialização seja feita no próximo dia 6, nas convenções nacionais de ambas as legendas — resta apenas o aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deve vir em até quatro meses.
Em um evento em Valença (BA), ontem, o presidente do DEM, ACM Neto, justificou que a escolha se deve ao fato de que a “população quer um país unido”, com respeito às diferenças e convivência pacífica de diversas ideologias. Para ele, o movimento servirá para “trazer uma nova mensagem ao país”.
“Hoje, enxergamos que a grande maioria dos brasileiros que não se identifica com esse quadro de polarização quer que deixemos de lado as brigas, os tensionamentos, os radicalismos e os extremos. O povo quer um país unido”, ressaltou ACM.
Com a fusão, o ex-prefeito de Salvador disse que o principal objetivo do novo partido é ter um candidato próprio para 2022. A tendência, segundo líderes do DEM, é de que esse candidato seja alguém que já faz parte dos quadros de uma das legendas. Os favoritos, até o momento, são o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS); o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e o apresentador José Luiz Datena (PSL-SP) – que tem feito críticas a Mandetta.
Pacheco, que tem tentado se mostrar como a voz da moderação no Congresso, tinha destino definido: o PSD de Gilberto Kassab. Com a fusão, há a possibilidade de que ele permaneça no União Brasil, pois votou a favor da fusão com o PSL na reunião da Executiva Nacional.
O partido também planeja eleger o máximo de governadores possível. ACM disse que a sigla pretende lançar pelo menos 10 candidaturas aos governos estaduais, em 2022. Já no Congresso, a ideia é que a legenda amplie a influência. Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), o movimento é inteligente do ponto de vista político. Ele revela que o nome e o número foram escolhidos com base em pesquisas qualitativas, para gerar identificação nos eleitores.
O parlamentar minimizou resistências dentro do partido e disse que tudo tem sido resolvido na base da conversa. “Tem sido à base do diálogo, do convencimento, mostrando que é um projeto de país importante. A gente contou com a compreensão da nossa bancada federal, em especial da executiva do partido. A compreensão tem sido positiva, e as resistências foram superadas”, disse ao Correio.
Em vários diretórios estaduais, o grande problema continua sendo as rivalidades locais, o que dificulta o processo de escolha das lideranças. Além disso, as características diferentes de PSL e DEM também têm deixado filiados desconfiados. O PSL era um partido nanico e ganhou musculatura com o então candidato Jair Bolsonaro, em 2018, quando elegeu a maior bancada da Câmara, com diversos parlamentares de perfil radical.
Já o DEM tem deputados e senadores mais alinhados à direita, mas também se coliga com políticos de centro-esquerda em alguns estados. Para Efraim Filho, a cara do União Brasil será a de um partido autônomo e independente. A legenda, segundo ele, terá princípios a favor do progresso econômico, mas sem se esquecer da assistência social.
“Teremos um posicionamento a favor das reformas, do empreendedorismo, de valorizar quem produz no Brasil. Esta será a nossa agenda econômica. Mas também ficou decidido que preservaremos o olhar social, em ações que façam sentido na ponta, que é mais preciso”, concluiu.
Para a deputada Professora Dorinha (DEM-TO), a fusão é o fato mais importante na política brasileira até as eleições de 2022. Há, segundo a parlamentar, algumas dificuldades locais que precisam ser resolvidas, mas ela acredita que o União Brasil poderá atrair novos parlamentares no período de janela partidária, que deve ocorrer em março próximo.
“É um novo partido, com as programáticas, com posições, com uma função para o Brasil. Minha leitura é de que é bom para o país, até como uma opção para a movimentação dos deputados em março, logicamente entendendo o tipo de projeto que queremos para o Brasil”, explicou.
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