Bolsonaro hesita entre PP, PL e Republicanos

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Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro está no momento entre a filiação no Republicanos, PL ou PP para concorrer à reeleição em 2022. Segundo Bolsonaro afirmou em entrevista coletiva durante sua visita à Itália, na noite de segunda-feira, ele deve ser acompanhado por cerca de 30 deputados, o que poderá transformar a sigla que escolher na maior bancada da Câmara. De acordo com Bolsonaro, ele ainda não encontrou uma fórmula para evitar desagradar os aliados que forem preteridos na filiação. Disse que sua preferência mudava a cada dia, e que naquele instante estava mais próximo do PL.

“Olha, tem três partidos que me querem. Eu fico muito feliz, são três namoradas, duas vão ficar chateadas. É o PRB [antigo nome do Republicanos], o PL e o PP. Cada dia um está na frente na bolsa de apostas”, disse a jornalistas, se mostrando ainda indeciso. “Por exemplo, agora eu iria para o PL. Ontem, eu iria para o PP”, afirmou o presidente.

A competição entre os líderes dos principais partidos do Centrão pela filiação de Bolsonaro envolve desde promessas de controle de diretórios estratégicos a ameaças veladas de desembarque do governo.

“O Ciro [Nogueira, ministro da Casa Civil e dirigente do PP] e o Valdemar [Costa Neto, dirigente do PL] estão disputando a tapa. Mas o presidente está muito indeciso”, conta um ministro ouvido pelo Valor sob a condição de anonimato.

Bolsonaro tem sido alertado de que, no caso de PP e PL, qualquer uma das legendas que for preterida provavelmente desembarcará do governo em abril para apoiar o ex-presidente Lula na eleição presidencial de 2022. Resta ao presidente escolher a qual partido se aliar.

Segundo fontes ouvidas pelo Valor , há um quarto concorrente corrrendo por fora: o PSC. Recentemente, o partido fez uma ofensiva para convidar aliados de Bolsonaro a se filiar. Entre eles, estão a ministra Tereza Cristina (Agricultura) e os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Bibo Nunes (PSL-RS) e Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP).

O assédio ocorre em um momento de baixa de Bolsonaro, com perspectivas nebulosas. O presidente perde para Lula em todos os cenários eleitorais pesquisados por todos os principais institutos de pesquisa do país.

Até mesmo aliados admitem nos bastidores que, hoje, o cenário para o presidente é muito difícil. Porém, mais do que a crença na vitória de Bolsonaro nas eleições, a presença dele na cabeça de chapa visa assegurar bancadas robustas para as duas legendas. PP e PL terão em 2022 a concorrência de siglas como o PSD e o União Brasil, fruto de uma fusão do DEM com o PSL, que ameaçam a sua hegemonia no campo do centro.

Fontes ouvidas pelo Valor afirmam que Ciro Nogueira vem insistindo na ideia de montar uma federação partidária com PL e Republicanos.

Com isso, seria possível compor chapas com candidatos de diversos partidos, além de pulverizar os deputados bolsonaristas nas três legendas, facilitando acordos regionais.

Por outro lado, isso amarraria os partidos até 2026, uma vez que pela legislação as federações devem durar quatro anos – o intervalo entre as convenções partidárias. Assim, tanto Costa Neto quanto Pereira já disseram a Nogueira não ter interesse no acordo, segundo apurou o Valor.

O PL tem força maior no Centro-Sul. Isso minimizaria um problema que Bolsonaro certamente teria no PP de Ciro Nogueira, no qual vários deputados e candidatos a cargos públicos resistem a não subir no palanque com Lula em 2022, sobretudo na Bahia e em Pernambuco.

No Piauí, berço político de Nogueira, a opção por Bolsonaro também seria muito difícil. Ali, Fernando Haddad teve 77,05% dos votos válidos contra 22,95% de Bolsonaro no segundo turno em 2018 – o melhor desempenho do petista naquela eleição.. “O presidente não pode ir para um partido em que deputados apoiem o Lula para presidente”, defende um aliado próximo de Bolsonaro.

Apesar disso, o deputado André Fufuca (PP-MA), que está no comando do partido interinamente, acredita que Bolsonaro segue cada vez mais próximo da legenda. Ele citou reunião do presidente com caciques da sigla na segunda-feira. No encontro, ele teria dado novos sinais de que as negociações para ingressar no PP estavam praticamente concluídas.

Ainda que o dirigente partidário esteja confiante, parlamentares e ministros avaliam que a instabilidade do presidente deixa o cenário incerto. “Ele já esteve quase fechado com outros partidos e as negociações não prosperaram. Então, não dá para dizer que ele está praticamente fechado conosco, porque tudo pode mudar”, disse um parlamentar do PP alinhado com Bolsonaro.

Valor Econômico

 

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