
Vencedor das prévias do PSDB será vice de Alguém
Foto: Jorge William / Agência O Globo (13/11/2017)
Bruno Araújo se orgulha de ser o autor da ideia que culminou na realização das prévias presidenciais do partido. Temerosos de que o plano se convertesse num duelo ríspido, caciques tucanos consideravam que uma disputa interna — e pública — poderia levar a legenda a uma ruptura. De fato, a sigla deve sair das prévias, que ocorrerão no domingo, mais rachada do que unida, reflexo minimizado por Araújo. Em entrevista ao GLOBO, o mandatário do PSDB admite que houve conflitos que tangenciaram “a linha da morte súbita”, diz que considera essencial uma aliança com o União Brasil — partido originário da fusão entre DEM e PSL e que deverá ter um fundo partidário que pode chegar a R$ 500 milhões — e reconhece que as emendas do orçamento secreto têm mais apelo que suas orientações: “Mais poderosas do que os comandos partidários”.
As prévias trouxeram bastante exposição ao PSDB, mas também expuseram as entranhas e as brigas internas do partido. Valeu a pena?
As prévias tiraram o PSDB de uma posição de discrição. E o trouxe de volta aos players que disputam a Presidência da República. Disputa não é distribuição de beijos e abraços. Disputa política é passionalidade pura. Eleição que não tem disputa é confraria. E as prévias com certeza não são uma confraria. É claro que, a partir de domingo, o partido vai ter que mostrar um grau de maturidade para construir uma unidade interna.
Há possibilidade de o vencedor das prévias ser vice numa chapa de terceira via mais viável?
Só é protagonista quem tem capacidade de liderar. Vai depender do grau, competência e qualidade do escolhido no domingo.
Houve momentos em que o partido esteve à beira de uma ruptura. Como foi intermediar esses conflitos?
Em determinados momentos, percebemos que poderia passar uma linha, acarretar numa morte súbita de um, de outro ou de todos os lados. Mas, nessa última semana, o ambiente ficou mais sereno. Não quer dizer que vai se manter até domingo, mas agora estamos mais próximos da linha de chegada.
Como será o dia seguinte? Se o Doria ganhar as prévias, poderá ir a um jantar onde estará Aécio Neves, por exemplo?
Se na política estiver tudo bem, há algo errado. A política é feita de tensionamentos. O dia seguinte vai depender muito da capacidade do vitorioso de ter grandeza, espírito público. Para ser presidente do Brasil, tem que antes construir pontes internamente.
Em quem o senhor vai votar nas prévias?
Sempre tentei manter o nível máximo de imparcialidade, e o meu voto será resguardado pelo sigilo.
Há chances de Sergio Moro ser vice do candidato tucano?
Todas as composições que estejam distantes do (ex-presidente) Lula e do (presidente) Bolsonaro serão objeto de abordagem e conciliação a partir de domingo. Não há como viabilizar um ambiente político sem um amplo processo de diálogo. E isso começará a ser feito com mais afinco depois das prévias.
Qual dos personagens da terceira via está mais próximo do PSDB?
O PSDB está tendo um diálogo mais próximo e consistente com o União Brasil e o MDB. Estamos conversando também com o Podemos, Cidadania, PV e o Novo com uma certa frequência. O União Brasil talvez seja o player mais importante na consolidação de alianças que possam colocar um candidato no segundo turno com Lula ou Bolsonaro.
Já há algo de concreto nessas negociações?
Eu espero que, a partir da próxima semana, a gente comece a ver movimentos mais sólidos de sinalização de alianças partidárias, os primeiros protocolos de compromisso. Vamos retomar também a possibilidade da federação com alguns partidos. As conversas só pararam por causa da reta final das prévias.
Recentemente, Alckmin elogiou os “predicados” de Lula e passou a ser cotado para vice do petista. Como vê essa movimentação?
Esta foi uma avaliação feita pelo governador Geraldo Alckmin, que tem experiência para fazer essas avaliações. Como presidente do PSDB, quero dizer que isso não tem nada a ver com a história política do partido. A história PSDB é segregada do Partido dos Trabalhadores.
E o Aécio no posto de vice do Bolsonaro, como já foi cogitado no entorno do próprio presidente?
O que eu disse para o PT vale para o Bolsonaro.
A bancada do PSDB votou em peso a favor da PEC dos Precatórios. O partido precisa ser “desbolsonarizado”, como disse Arthur Virgílio?
Há algo nesse momento mais poderoso do que os comandos partidários. Qualquer um deles hoje perde para uma palavrinha chamada RP9 (as emendas de relator, que compõem o orçamento secreto). Mas a escolha do nosso candidato e a aproximação do processo eleitoral vão trazer a política para o seu leito normal.
Então, o PSDB é contra a RP9?
Esse é um tema do Congresso Nacional, não do partido. Por muitos anos, o Congresso reclamou da dependência política por recursos do Executivo, que procurou resolver isso transferindo o poder ao Congresso. A forma pode ter sido correta, mas errou na mão, passou da conta. E a diferença entre o remédio e veneno é a quantidade.
Como o senhor enxerga os episódios em que deputados tucanos votaram com o governo, já que o PSDB se declara oposicionista?
Esses parlamentares estão no conjunto da sua sobrevivência eleitoral. E compreendo isso até um determinado ponto. Ao ponto que não comprometa um projeto coletivo. Passadas as prévias, isso deve tomar um leito normal, com a proximidade das eleições.
Quem não tem afinidade com os posicionamentos do partido relacionados às políticas econômicas deve sair?
Não é isso que define o lugar no partido. O que vai definir de forma prioritária o lugar no partido é o compromisso com o projeto nacional numa eleição presidencial. Quem tem compromisso no projeto nacional tem compromisso com as bandeiras do partido.
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