Aliados de Ciro ensaiam debandada

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Foto: Ana Paula Paiva/Valor – 11/3/2019

A estagnação de Ciro Gomes (PDT) nas pesquisas eleitorais para a corrida presidencial de 2022, a entrada do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) na disputa e a possível criação de uma federação incluindo PT e PSB acentuaram os questionamentos internos sobre a viabilidade da pré-candidatura do político cearense. Aliados já falam em traição por parte de alguns correligionários e apostam até numa eventual desistência do pedetista.

Segundo um influente deputado do partido, há lideranças que vão atrelar seu nome a outros candidatos nos Estados, se o PDT persistir na candidatura própria. “Infelizmente, é questão de sobrevivência política”, argumentou. Este deputado avalia que uma parte da legenda começou a acreditar que Ciro caminha para o isolamento. Defensor ferrenho do projeto de Ciro Gomes para o país, o parlamentar diz que alguns colegas de partido já têm conversado sobre a ideia de desistência.

Prevendo fraco desempenho nas urnas e receosa com a renovação dos mandatos na Câmara e nas assembleias legislativas, parte da bancada do PDT pressiona por uma “flexibilização” dos palanques nos Estados.

A maior preocupação vem justamente de parlamentares da região Nordeste, onde a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é bastante superior à média nacional, de acordo com as últimas sondagens eleitorais.

O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE), que está de saída do partido, contou que muitos colegas estão desestimulados diante do suposto encolhimento eleitoral de Ciro Gomes. “Em determinado momento, era interessante para os deputados dialogar com os eleitores de Ciro, que representavam de 13% a 15%. Hoje, é menos da metade disso. Isso passa a ser um limitador eleitoral para os deputados”, avalia.

Pessoas mais próximas a Ciro rejeitam a possibilidade de retirada da pré-candidatura, mas reconhecem que chegou o momento de redirecionar a estratégia para que o pedetista consiga, ao menos, manter o tamanho político conquistado em 2018. Ele recebeu 12,47% dos votos e acabou em terceiro lugar, consolidando, naquele ano, a imagem de nome competitivo da chamada terceira via para 2022.

Também preocupa parlamentares do PDT o financiamento das campanhas proporcionais. O entendimento é de que, com uma eventual desistência de Ciro, sobraria mais verba do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário para fortalecer as candidaturas nos Estados. No primeiro turno das eleições de 2018, Ciro foi o quarto candidato que mais gastou: R$ 24,2 milhões. Pouco mais de 96% desse dinheiro foi repassado pela direção nacional do PDT por meio dos fundos Eleitoral e Partidário.

Outro parlamentar do PDT aponta que o cenário, que já estava bastante complicado com a volta de Lula ao jogo eleitoral, ficou ainda mais difícil com a entrada de Moro. Acrescenta que, com a novidade, Ciro é prejudicado no único movimento que havia lhe restado: o aceno ao centro e a centro-direita do espectro político.

No núcleo duro da campanha, a avaliação é oposta – ao menos no discurso. O entendimento é de que a chegada de Moro cria um segundo polo de embate na disputa, sendo o primeiro entre Lula e Bolsonaro e o segundo entre Ciro e o ex-juiz da Lava-Jato.

Além de uma aparente falta de sintonia partidária, alguns integrantes entendem que o movimento recente feito por PSB e PT, que pretendem criar uma federação, seria definitivo para o isolamento político do PDT. A união poderia envolver também PCdoB, Psol, Rede e PV. Com o fim das coligações, cada legenda tem que lançar sozinha as chapas na eleição de deputado. Isso coloca em risco a reeleição de vários.

Questionado sobre este ponto, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou que não há como o partido participar de alguma federação. “Não é simples de fazer. Não tem como a gente fazer. É impossível”, afirmou.

Sobre os apelos por “flexibilização” nos palanques locais, Lupi deu indícios recentes de que pode haver margem de manobra. “Cada Estado tem sua realidade diferente. Você não pode colocar em 27 unidades da Federação, que são vários Brasis dentro de um grande Brasil, uma mordaça”, afirmou ao Valor. “Nós não vetamos nada, a não ser o apoio a Bolsonaro”, complementa.

O chamado palanque duplo foi tema de conversas no Rio de Janeiro entre a cúpula partidária e o pré-candidato Rodrigo Neves (PDT). Ex-prefeito de Niterói, ele recebeu autorização de Lupi para abrir o palanque para Lula.

Em entrevista na semana passada à BandNews, Ciro reiterou a disposição em concorrer. “Sou candidato em cima de pau e de lata e o sistema vai ter que me engolir.” No início de novembro, chegou a suspender a pré-candidatura depois que a maioria dos deputados da legenda ajudou a aprovar em 1º turno a PEC dos Precatórios na Câmara.

Outro que rejeita qualquer chance de desistência é o deputado licenciado Mauro Filho (PDT-CE), tido como o ministro da Economia em um eventual governo Ciro. “Isso não existe e nem nunca existiu”, disse ele, atualmente secretário no Governo do Ceará – que é comandado pelo PT.

Outro aliado de Ciro, o ex-deputado e ex-ministro Miro Teixeira (PDT) diz que as dificuldades são próprias do processo de construção e destaca que ninguém disputa índice de pesquisa eleitoral. “A política é repleta de traições. Algumas delas encontram até certas justificativas, o traidor acaba encontrando um caminho. Agora, planejar a traição, entrar na batalha com um punhal para enfiar nas costas do aliado, é complicado”, ele diz.

Valor Econômico

 

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