Metade dos ministros de Bolsonaro deixará o cargo

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve trocar cerca de 40% de seu ministério em abril, quando pelo menos 10 de seus 23 ministros devem deixar o cargo para concorrer nas eleições. As mudanças darão novas caras à articulação política do governo, às ações de geração de emprego, infraestrutura, programas sociais, saúde e à comunicação.

Os substitutos, contudo, ainda são desconhecidos. Recentemente, Bolsonaro revelou que pedirá sugestões aos auxiliares que estiverem de saída do governo. Além disso, os partidos da base podem ser contemplados, mas aliados acreditam que as siglas não conseguirão impor suas indicações.

“Acredito que ele vai manter essa linha de ele escolher as pessoas, independente de elas terem filiação partidária ou não”, disse o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

O próprio Bolsonaro tem estimulado ministros a concorrerem para fortalecer sua base no Congresso, principalmente no Senado, onde enfrentou sérias dificuldades em seu primeiro mandato, ou para dar palanque em Estados importantes para sua campanha à reeleição. Esse é o caso de Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, que deve mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo e se filiar ao PL.

Segundo fontes do governo, uma parte dos auxiliares do presidente ainda aguarda uma melhora no cenário político para definir se disputará ou não a eleição. Essa seria a situação dos ditos ministros “não políticos”, como Marcelo Queiroga (Saúde) na Paraíba e Gilson Machado (Turismo) por Pernambuco. Ambos devem tentar vagas no Legislativo, provavelmente ao Senado..

Para essas fontes, Bolsonaro está hoje perto de seu fundo do poço eleitoral, com um piso de 20% de intenções de voto, o que ameaça até mesmo sua ida ao segundo turno. Mas a expectativa é que a avaliação do governo melhore no primeiro trimestre do ano, com números positivos na economia, o início do pagamento do Auxílio Brasil e o arrefecimento da pandemia no país.

Dos dez ministros que devem se desincompatibilizar em abril, apenas três devem se candidatar ao Executivo: Tarcísio Freitas em São Paulo, Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) no Rio Grande do Sul e João Roma (Cidadania) na Bahia. Roma, porém, pode desistir e ir ao Senado caso o ex-prefeito de Salvador ACM Neto dê palanque para Bolsonaro.

Já os outros oito devem concorrer ao Legislativo, principalmente ao Senado – o que, inclusive, gera disputas na Esplanada dos Ministérios. Flávia Arruda (PL-DF), deputada mais votada em 2018 e atual ministra da Secretaria de Governo, e o ministro da Justiça, Anderson Torres (União Brasil), querem a vaga ao Senado na chapa do governador Ibaneis Rocha (MDB), que pode dar palanque a Bolsonaro. Outro nome do governo com candidatura planejada ao Senado é a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (hoje no DEM).

Rogério Marinho (PL), do Desenvolvimento Regional, e Fábio Faria (PSD, mas prestes a se filiar ao PP), das Comunicações, desejam concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte, mas só há uma vaga em disputa em 2022. Eles combinaram que tomarão em março uma decisão sobre se um deles abre mão da candidatura ou se concorrem os dois. Bolsonaro prometeu não interferir.

Faria tem sido cortejado para compor como vice de Bolsonaro, por ser do Nordeste, região em que o presidente é mais fraco eleitoralmente. Essa é a defesa que faz o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP, que desistiu de concorrer ao governo do Piauí para continuar no cargo até o fim do mandato.

“O presidente Bolsonaro tem total liberdade para fazer a escolha e vai contar com o nosso apoio. Agora, se eu disser para você que eu vou ficar triste de o Fábio ser escolhido, eu vou estar mentindo”, afirmou Nogueira em “live” do Valor na semana passada.

Outra possibilidade para vice é o ministro da Defesa, Braga Netto. Por enquanto, ele não é candidato a nada, mas seu nome começou a circular recentemente, quando Bolsonaro passou a cogitar um vice militar para 2022. O próprio presidente insinuou que poderia ser alguém do perfil de Braga Netto (“general de quatro estrelas” e de Minas Gerais). Se ele sair, serão 11 ministros trocados em abril.

Valor Econômico

 

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