Liderança da OTAN sinaliza risco de guerra com a Rússia

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Foto: Brendan Hoffman/Getty Images

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal aliança militar ocidental, alertou nesta quinta-feira, 10, sobre um “momento perigoso” para a Europa, à medida que a Rússia aumenta o número de tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia e dá início a exercícios militares em Belarus. Apesar do alerta, Jens Stoltenberg reiterou uma oferta de negociações com Moscou para tentar aliviar as tensões.

Em fala à imprensa junto ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, Stoltenberg disse ter enviado uma carta ao chanceler russo, Sergei Lavrov, mostrando disposição a discutir maior transparência em torno dos exercícios militares, assim como controle de armas nucleares.

“Este é um momento perigoso para a segurança europeia”, disse o secretário-geral. “O número de forças russas está subindo. O tempo de aviso para um possível ataque está diminuindo”.

Para dar início nesta quinta-feira a dez dias de exercícios conjuntos, a Rússia transferiu cerca de 30.000 soldados, dois batalhões de sistemas de mísseis terra-ar e diversos caças para Belarus. Os treinamentos, no entanto, estão sendo vistos pelos Estados Unidos e pela Otan como pretexto para Moscou aumentar ainda mais o número de tropas ao longo da divisa com território ucraniano. A capital ucraniana, Kiev, fica a cerca de 200 quilômetros da fronteira com Belarus.

De acordo com o Ministério da Defesa da Ucrânia, há, atualmente, mais de 127.000 soldados russos posicionados perto das fronteiras ucranianas. A Rússia cercou o norte da Ucrânia, onde a fronteira é mais desguarnecida, posicionando seu Exército como uma ferradura, cercando a região por três lados, em territórios de Belarus, de quem é aliada.

Segundo Stoltenberg, “a Otan não é uma ameaça à Rússia, mas precisamos estar preparados para o pior, enquanto também continuamos fortemente comprometidos em encontrar uma solução política”.

“A Rússia tem uma escolha: pode escolher uma solução diplomática – e estamos prontos para sentar à mesa – mas, se escolher confronto, irá pagar um preço mais alto”, declarou. “Haverá sanções econômicas. Haverá aumento de presença militar da Otan na parte oriental da aliança”.

Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, se encontrou com a chanceler britânica, Liz Truss. Segundo ele, uma resposta coletiva da União Europeia às propostas de segurança russas levariam a uma ruptura em conversas, mas insistiu que Moscou é a favor da diplomacia para aliviar tensões envolvendo a Ucrânia.

O Kremlin é contra a possível adesão de Kiev à aliança militar da Otan e vem alertando que uma confirmação terá consequências graves. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. Segundo ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado.

A Aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos 30 aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

Na semana passada, Putin também os Estados Unidos e a Otan de tentar empurrar a Rússia para uma guerra, mesmo esperando que os diálogos continuem. Autoridades do governo americano acreditam que Putin ainda não tomou a decisão de invadir, porém esperam que isso possa acontecer nas próximas semanas.

Pouco depois, o governo russo novamente acusou Washington de aumentar as tensões na região após o anúncio de que enviariam mais de 3.000 soldados para a Alemanha, Romênia e Polônia.

Em resposta, os Estados Unidos e a Otan descreveram a medida como um “forte sinal de que a Aliança se preocupa com seus aliados”.

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