Doria vai parar de fazer campanha antecipada antes de deixar o governo de SP
Foto: Divulgação/ 18-02-2022
Enquanto lida com a rejeição dos eleitores em São Paulo e com a resistência de uma ala do seu partido, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu cancelar viagens que planejava fazer pelo Brasil nas próximas semanas como parte de sua pré-candidatura à Presidência. A campanha avalia que ir para fora do estado antes da desincompatibilização, em 2 de abril, poderia causar danos à sua imagem.
A taxa de reprovação do governo Doria em São Paulo se manteve em 38% nas duas últimas pesquisas Datafolha, realizadas em setembro e dezembro do ano passado. Já o índice de paulistas que classificam a gestão como ótima ou boa foi de 24% nos dois levantamentos, enquanto o percentual de regular oscilou de 38% para 37% .
A partir da análise de pesquisas qualitativas , a equipe do tucano chegou à conclusão de que o eleitor paulista não reconhece ações positivas de Doria como governador e, por isso, o rejeita. Começar a fazer viagens para outros estados enquanto ainda está no cargo, portanto, poderia ser mal visto. A sugestão do grupo, então, é focar no estado para divulgar seus atos de governo e explorar a imagem de “gestor eficiente”.
Na última quinta-feira, Doria fez duas agendas públicas em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo: inaugurou uma escola técnica e visitou um restaurante da rede Bom Prato, que oferece refeições a R$ 1. No sábado, o tucano acompanhou obras de recuperação de uma estrada vicinal em Sumaré com investimento de R$ 3,1 milhões do governo do estado e visitou os serviços de duplicação da estrada que leva ao município vizinho de Paulínia.
O giro pelo interior do estado foi acompanhado pelo anúncio de novas unidades do Poupatempo, serviço que oferece agilidade na retirada de documentos, nos municípios de Guaíra, Nova Odessa e Tambaú.
Além do esforço em rever o roteiro de viagens, o governo também vai inserir mais propagandas institucionais em rádio e TV, como parte da estratégia para tentar reduzir a rejeição. Integrantes da campanha de Doria afirmam que “é momento de parar de errar e ter paciência”. Aliados do tucano avaliam que a rejeição a Doria é desproporcional aos resultados obtidos pelo governo.
Citam, como exemplo de vitrine para o tucano, a importação da vacina CoronaVac, que possibilitou o início da vacinação no estado antes do resto do Brasil, o crescimento da economia paulista em ritmo mais acelerado, um pacote robusto de investimentos, além de programas sociais durante a pandemia, como o vale-gás.
Além das viagens, Doria deve dar um tempo também nas conversas com outros integrantes da chamada terceira via. Em entrevista ao GLOBO neste sábado, Felipe D’Ávila (Novo) afirmou que pretende marcar debates com outros pré-candidatos do centro, mas que Doria já avisou que só vai falar depois da desincompatibilização. Oficialmente, a assessoria de imprensa da pré-campanha de Doria nega que haja mudança de postura.
Em outro movimento para aumentar sua força dentro do estado, Doria deve filiar 12 prefeitos ligados ao PSD. Além de aumentar sua base e a do vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), pré-candidato à sucessão no Palácio dos Bandeirantes, a filiação dos prefeitos ainda serve como resposta para jogadas recentes do ex-ministro Gilberto Kassab, que levou para o PSD o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, e tem sondado o governador do Rio Grande do sul, Eduardo Leite, para disputar a Presidência.
Ainda que diminua sua reprovação em São Paulo, o tucano terá que lidar com rejeição alta também no resto do país. De acordo com o Datafolha de dezembro, 34% dos eleitores dizem que não votariam no tucano de jeito nenhum — mesmo número de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cobrado no partido para melhorar a pontuação nas pesquisas, Doria ainda assiste a negociações do PSDB, MDB e União Brasil em torno de uma aliança para lançar candidato único à Presidência, o que leva o paulista a competir com a pré-candidata Simone Tebet (MDB-MS). (*Da CBN)