França não dá sinais de abandono de candidatura a governador

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Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo (16/10/2020)

O ex-governador Márcio França, do PSB, começa a semana com ânimo renovado para insistir da sua candidatura ao governo de São Paulo. Dois acontecimentos dos últimos dias explicam o fôlego extra: o naufrágio da federação partidária entre PT e PSB e a confirmação de que Geraldo Alckmin vai se filiar ao PSB de São Paulo. O político marcou a estreia desta nova fase com um discurso em evento no sábado em São Paulo, com críticas a João Doria (PSDB). França foi aclamado pela plateia, de filiados do PSB, com gritos de “governador”.

O anúncio de que o PSB desistiu de negociar a federação com o PT se traduz em uma boa notícia para França porque essa estrutura obrigaria os dois partidos a terem um só candidato ao governo do Estado, ou seja, obrigatoriamente, a federação teria de optar entre Fernando Haddad, do PT, ou França. Entraves regionais, como o de São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, pesaram para que o PSB deixasse a negociação com o PT.

Segundo motivo para que França dobre a aposta na própria candidatura, a filiação de Alckmin foi confirmada pelo comando nacional do PSB semana passada e deve ser oficializada pelo ex-tucano nesta semana. Na sequência, será marcado o ato de filiação. Alckmin deixou o PSDB há três meses.

A costura para a ida de Alckmin para o PSB contou com participação importante de França. Os dois são amigos de longa data e aliados políticos. França foi vice-governador na gestão de Alckmin e assumiu o Estado quando Alckmin deixou o cargo para disputar a Presidência, em 2018.

Pessoas próximas a Alckmin e a França contam que o ex-tucano usa esses dias antes da filiação para conversar com prefeitos e deputados e explicar a escolha pelo partido. “Muita gente se aconselha com Geraldo. Ele quer conversar com todos antes de anunciar a decisão”, afirma o ex-prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB).

O plano é que, ao migrar para o PSB, Alckmin concorra à vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula, em uma aliança nacional entre PSB e PT. A aliança, ao contrário da federação, pode valer só para a eleição presidencial.

A nova fase “turbinada” de França foi inaugurada sábado no Congresso Estadual do PSB, na capital paulista. O partido reuniu, em formato híbrido, cerca de 700 delegados, representantes de todas as regiões do Estado. O evento teve caráter partidário, e o objetivo foi formalizar o comando do PSB-SP – que fica agora com França. O discurso do ex-governador, no entanto, carregou um tom político.

O ex-governador apontou falhas do governo Doria e enumerou como a situação poderia ser diferente com ele próprio como governador. França falou da economia, com ênfase no aumento de impostos, e da necessidade da valorização dos servidores públicos. “Precisamos dizer para esse cara: basta!”

Sem fazer referência ao PT, França reproduziu versos de uma poesia: “Não acompanho alguém que eu não confio (…) Eu não sei pra onde eu vou mas eu sei que não vou por ali. Eu vou por aqui. Vou ganhar o governo de São Paulo.”

O PT sinalizou que vai persistir para, mesmo sem federação, fazer um acerto em São Paulo e unir França e Haddad em um projeto político. Nesse acordo, a proposta é que Haddad seja candidato a governador, o PSB indique um candidato a vice e que França concorra ao Senado. França defende que se decida até maio quem dos dois será candidato, usando como critério o mais bem colocado em pesquisas de intenção de voto.

Valor Econômico