Queiroz diz a revista por que depositou R$ 89 mil a Michelle

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Foto: Alex Ferro/VEJA

Homem de confiança dos Bolsonaro e suposto operador do esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz deu a VEJA, na entrevista que concedeu esta semana, sua versão para uma das perguntas mais marteladas nas redes sociais desde a explosão do caso, no mês seguinte às eleições de 2018. Por que, afinal, o assessor depositou 89 000 reais na conta de Michelle Bolsonaro, mulher do presidente da República? O policial da reserva, de 56 anos, alega que o montante, que teria sido pago em cheques fracionados, foi destinado a pagar três empréstimos feitos a ele em momentos diferentes por Jair Bolsonaro, seu amigo há quase quarenta anos. O PM, na época soldado, e o atual mandatário, que era capitão, se conheceram na Brigada Paraquedista, da Vila Militar do Exército do Rio de Janeiro.

Nos argumentos sustentados por Queiroz, ele teria pedido inicialmente 20 000 reais para cobrir um buraco no cheque especial. Depois, os outros dois empréstimos, de 30 000 e 40 000 reais, seriam para ajudar na compra de dois carros: um da marca Honda e o outro blindado. “O Rio é muito perigoso”, alega o policial, que se vangloria de ter recebido honrarias pelo trabalho na corporação. “O Jair me emprestou, eu com a maior vergonha de pedir o dinheiro. Ele é assim (exibe a mão fechada). Esse cara não olha nem para mulher na rua, é de casa para o trabalho. Foi um pai para mim”, descreve o ex-assessor-segurança-motorista da família Bolsonaro.

Mas então por que o dinheiro, que Queiroz afirma ter sido devolvido parcelado sempre em dez vezes do total de cada empréstimo, foi parar na conta de Michelle? “Você não confia na tua mulher, não?”, questiona o PM para um dos repórteres. “Deputado não tem tempo para nada. Não é melhor dar um cheque para a mulher e todo mês você tem lá o seu chequinho?”

Outro ponto envolvendo movimentações financeiras que entrelaçam Queiroz e a família Bolsonaro diz respeito a um depósito em espécie de 25 000 reais feito pelo então assessor de Flávio para a conta da mulher dele, Fernanda. Queiroz foi flagrado na boca do caixa, como consta no processo do Ministério Público do Rio de Janeiro, fazendo a transação. “Na hora de depositar uma determinada quantia, é preciso dar o CPF. Eu fiquei ligando para o Flávio para pegar o número do documento dele, mas estava no plenário e não me respondia”, justifica. “Aí perguntei para o caixa: posso botar o meu CPF? E botei o meu. Juro pela felicidade das minhas filhas”, completa, dando a entender que o dinheiro era do próprio patrão Flávio.

Quando questionado sobre o fato de ter pago contas da família do ex-deputado, como o plano de saúde e a escola das crianças, Queiroz minimiza: não haveria problema nenhum nisso, e ele próprio já teria pedido para pagarem seus boletos. O policial se estressa ao ser perguntado sobre as transações imobiliárias de Flávio, um dos pontos mais importantes da investigação do MP quando os promotores se debruçam sobre a lavagem do dinheiro supostamente desviado da Alerj. “Isso é problema dele lá, negócio de imóveis. Não tem nada a ver comigo.”

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