Bolsonaro passará a semana em campanha eleitoral antecipada
Foto: Alan Santos/PR
Na terça-feira (22/3), a previsão é de que Bolsonaro desembarque no Tocantins. Além do lançamento do programa “DNA do Brasil” em Porto Nacional, voltado a crianças em situação de vulnerabilidade por meio da formação de atletas, o presidente segue para Araguaína, onde deverá, em sobrevoo, verificar obras da prefeitura realizadas com recursos federais. E seguirá para o município de Xambioá para visitar a ponte sobre o Rio Araguaia, em fase de conclusão.
Na quarta (23/3), Bolsonaro vai a Pernambuco, para o lançamento da Pedra Fundamental da Escola de Sargentos. “Todos os sargentos no futuro do Exército serão formados ali em Pernambuco. Uma decisão técnica do alto comando do Exército, estudada há anos, mas que, logicamente, demos o aval no final”, declarou.
“O Nordeste ganha com isso e ganha o Brasil. Afinal de contas, o Brasil está cada vez mais se integrando, de modo que todas as regiões são importantes para nós. Depois da água, obviamente a Escola de Sargentos faz uma grande diferença para o nosso Nordeste e o nosso Pernambuco”, comentou em um vídeo.
No mesmo dia, seguirá para Águas de Quixadá (CE), onde lançará a Força Tarefa das Águas, programa que promete levar água para os nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais.
A expectativa é que ele ainda participe de um evento em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, para inauguração da expansão do sistema de trens urbanos. Se confirmada, será a quarta vez que Bolsonaro vai ao local. A última visita ocorreu em fevereiro deste ano, quando inspecionou as obras da barragem de Oiticica e participou da cerimônia em Jardim de Piranhas, que marcou a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco.
O presidente também já afirmou que visitará Belo Horizonte, onde pretende embarcar de três a quatro dias em uma viagem de trem, na Ferrovia Norte-Sul, para inaugurar o que chamou de “ressurgimento do modal ferroviário brasileiro” que vai operar no Maranhão, Tocantins, Goiás e São Paulo. Segundo o presidente, a agenda deve ocorrer em março ou “no máximo” em abril.
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, alegou que as viagens de Bolsonaro têm caráter de prestação de contas. “É absolutamente normal, não tem necessariamente a ver com eleição. Nesta campanha, Bolsonaro tem um governo para prestar contas. Apesar da pandemia e da guerra na Ucrânia estar atrapalhando o ambiente econômico internacional, o presidente tem realizações muito relevantes para mostrar nas campanhas, que serão obviamente diferentes. Em 2018, ele era uma possibilidade; em 2022, é uma realidade”, defende.
O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, destaca que a busca por agenda positivas ajudam o presidente em seu projeto de reeleição, mas, por si só, não são suficientes para alterar a intenção de votos. “É parte da estratégia, mas existem outras iniciativas que acabam tendo peso e, combinado com isso, pode se tornar relevante. Um exemplo foi o anúncio liberando o 13º e permitindo saques de FGTS. A propaganda eleitoral vai chegar. É parte da estratégia, mas não é o aspecto mais relevante”, defende.
A constitucionalista Vera Chemim, mestre em direito público pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que a agenda de viagens evidencia finalidade eleitoreira. “Ao mesmo tempo em que concede subsídios sociais aos pobres, com o apoio de sua base política no Poder Legislativo, ou seja, incrementando políticas afirmativas que serão determinantes para o aumento de sua popularidade. O binômio (investimentos e auxílios) parece estar resultando em um up grade, conforme demonstram as recentes pesquisas.”