Delegados prometem reagir a proposta de Bolsonaro de reajueste de 5%
Foto: Gabriela Biló/Estadão
A proposta do governo de reajustar em 5% os salários de todos os servidores federais não foi bem recebida na Polícia Federal (PF). Sindicatos e associações de classe esperavam recomposição mais ampla e tratamento diferenciado para a categoria, como já havia indicado o presidente Jair Bolsonaro (PL).
O anúncio de um pacote único para o funcionalismo desencadeou protestos das principais entidades de policiais, delegados e peritos criminais federais nesta quinta-feira, 14.
Bolsonaro já havia sinalizado que poderia abandonar a promessa de um reajuste mais robusto para a PF se outras categorias que também reivindicam aumento não abrissem mão do pleito. Até então, o presidente vinha repetindo que os R$ 2 bilhões reservados no Orçamento para o aumento dos servidores iriam para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários.
O delegado federal Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), disse que Bolsonaro ‘precisa honrar os compromissos assumidos publicamente’.
“Caso seja confirmado esse reajuste de 5% a todos os servidores federais, no lugar da reestruturação prometida para as forças de segurança da União, será uma grande decepção para todas as categorias policiais, que vêm sofrendo diversas derrotas neste governo, além de pôr em descrédito o comprometimento do governo com a segurança pública”, afirma.
A delegada federal Tania Prado, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo (SINDPF-SP), disse que o cenário atual ‘demonstra que a PF não é prioridade’ para o governo.
“Em termos claros: o clima interno está insustentável. Não se trata assim aqueles que são os sustentáculos da segurança pública do País. O discurso do governo, desta forma, é vazio, pois não valoriza as forças de segurança da União, nem a PF”, critica.
O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, também reagiu ao anúncio do governo e disse que a categoria não vai ‘aceitar passivamente’ a mudança.
“Ante a ameaça de descumprimento dos compromissos assumidos e a falta de transparência ao longo processo, parece que novamente a valorização da segurança pública ficará apenas em promessas de campanha”, disse.