Consultoria diz que PT será maior partido da Câmara
Foto: Reuters/Adriano Machado
As eleições de outubro vão formar um Congresso com crescimento do PT na Câmara dos Deputados e leve favoritismo do PSD para fazer a maior bancada no Senado, segundo projeção feita pela MCM Consultores. De acordo com o relatório da consultoria, o PL deve ter uma diminuição de bancada na Câmara.
Para 2023, a análise projeta que a maior bancada na Câmara será do PT, que dos atuais 57 deputados passará a ter 67. O analista Ricardo Ribeiro, responsável pela projeção, levou em consideração a movimentação dos partidos nas eleições anteriores e o reflexo que candidaturas mais competitivas à Presidência têm nas respectivas bancadas – neste ano, portanto, partindo da premissa de que o quadro atual das pesquisas de opinião venha a se manter, o efeito tende a ser mais perceptível para o PT, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do presidente Jair Bolsonaro nos levantamentos de intenção de voto.
De acordo com a projeção, o PL ficaria como segunda bancada, mas com 62 deputados, menor que a atual, de 77. Para Ribeiro, o partido do presidente inflou na troca de partidos da janela partidária, mas a bancada que ele formará na Câmara tende a mais próxima à obtida pelo PSL em 2018, sigla pela qual Bolsonaro foi eleito e que se fundiu com o DEM para formar o União Brasil.
Já o Republicanos, que também apoia Bolsonaro e que encabeça o palanque bolsonarista em São Paulo, com a candidatura a governador de Tarcísio de Freitas, passaria de 43 para 50 deputados. O PP se manteria com 55 deputados. O União Brasil diminuiria de 54 para 38 cadeiras.
No Senado, PSD seria maior, indo de 12 para 13 cadeiras. O MDB reduziria de 12 para 11. PT e PL não ficariam na liderança, mas cresceriam na comparação com o atual cenário. PL teria 10 senadores (ante 9 hoje) e o PT ocuparia mais duas cadeiras, chegando a 9, mesma bancada prevista para o PP. O União Brasil, que na Câmara perderia lugares, no Senado manteria suas 7 cadeiras. O Republicanos passaria de 1 para 2 senadores.
Ribeiro ressalta que os cálculos buscam traçar uma “ordem de grandeza” da próxima Legislatura. Dentro desse cenário, na composição das próximas mesas diretoras os partidos mais relevantes vão variar conforme o presidente eleito. Se for Lula, Ribeiro afirma que, além do PT, ganham importância PSB e MDB. Se Bolsonaro se reeleger, PL, PP e Republicanos continuarão em evidência.
A análise projeta 23 partidos na Câmara e 15 no Senado em 2023. É quase o mesmo número de legendas nas duas Casas atualmente – o Senado tem 16, mas a projeção exclui o PSC da próxima legislatura. Se o número continuar como está, a fragmentação partidária terá considerável redução na comparação com o Congresso eleito em 2018, com 30 partidos na Câmara e 21 no Senado. “A fragmentação excessiva torna mais difícil que as legendas transmitam com clareza para o eleitor qual o posicionamento ideológico e programático delas. Com menos partidos a tendência é que eles se organizem melhor”, diz Ribeiro.
Dois fatores principais explicam a redução de siglas de 2018 para cá: a fusão entre partidos (como o União Brasil; e o PHS incorporado pelo PTN para formar o Podemos), e a migração de parlamentares para partidos da base aliada de Bolsonaro (PL, PP e Republicanos).
Ribeiro diz que a tendência para 2023 é o número seguir como está, ou até mesmo diminuir. A aposta deve-se a mudanças recentes na legislação eleitoral que dificultam a eleição de quadros das chamadas legendas de aluguel ou partidos pequenos. Entre elas o fim das coligações e a cláusula de desempenho, que será mais rígida neste pleito.
O perfil ideológico do Congresso, por sua vez, não muda, com predomínio da direita e centro-direita. “É um padrão histórico no país. Foi assim mesmo em 2003, com a eleição do Lula”, diz.