
Lula manda recados a Bolsonaro
Foto: Ricardo Stuckert/ Clauber Cleber Caetano
Em seu primeiro evento público depois do lançamento oficial da pré-candidatura à Presidência no sábado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta segunda-feira (9) a lisura do sistema eleitoral brasileiro e disse que seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), contesta a urna eletrônica porque teme ser derrotado e ser preso.
Ao participar de um evento com centenas de apoiadores em Belo Horizonte, Lula voltou a se mostrar como candidato de um “movimento amplo”, disse que a disputa contra Bolsonaro não será fácil e pediu o empenho dos militantes nas ruas, em busca de votos. O ex-presidente indicou que ainda tenta costurar uma aliança com o PSD do ex-prefeito da capital mineira e pré-candidato ao governo Alexandre Kalil, e disse que vai insistir no acordo eleitoral.
Lula não poupou críticas a Bolsonaro. Segundo o petista, o presidente é um adversário que representa a antidemocracia, o antidesenvolvimento, “a ignorância, violência e o fascismo”.
“Vamos ter que jogar esse fascismo no esgoto da história porque o Brasil nasceu para a democracia, para o desenvolvimento”, disse, no evento em Belo Horizonte. Depois de ressaltar que será uma eleição difícil, Lula afirmou que o “povo brasileiro vai derrotar Bolsonaro” nas urnas. “Vamos olhar e falar: Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta desconfiar de urna. O que você tem é medo de perder as eleições e ser preso depois que você terminar as eleições”, disse.
Em um discurso improvisado, Lula cometeu uma indelicadeza com Alexandre Kalil, que não participou do evento, apesar de ter sido convidado. Logo no início de sua fala, o petista disse ser torcedor do Cruzeiro, time adversário do Atlético Mineiro, do qual Kalil foi presidente.
O petista tenta costurar uma aliança com o PSD já no primeiro turno em Minas, apesar de entraves do partido com o PT. A aliança entre os dois partidos esbarrou na disputa pela indicação ao Senado. Lula e o PT apoiam o líder do partido na Câmara, deputado Reginaldo Lopes, para concorrer a senador. Kalil e o PSD, no entanto, querem a reeleição do senador Alexandre Silveira, que é aliado de Bolsonaro e presidente do diretório mineiro de Minas, em uma chapa “puro sangue” do partido no Estado.
Sem citar diretamente Kalil, Lula indicou que vai insistir em buscar um acordo. “Eu voltarei muitas vezes a Minas Gerais. Voltarei muitas vezes. Nós temos que fazer muitas conversas, tem muita coisa que precisa ser acertada ainda. Ainda vamos ter que construir alianças no Estado. Estou com meu coração aberto, a minha alma aberta”, disse. Na sequência, citou sua mãe ao lembrar de um conselho dela. “Não desista, teime. E cá estou eu teimando junto com o povo de Minas para conquistar outra vez a independência do país, a liberdade do povo.”
No evento, participaram lideranças dos partidos que já anunciaram apoio a Lula: além do PT, PSB, PCdoB, Psol, PV, Solidariedade e Rede.
Kalil evitou participar do evento ao lado do petista, em meio aos impasses. Ao conceder uma entrevista à Rádio Super nesta segunda-feira, no entanto, o ex-prefeito afirmou que não pretende apoiar o atual presidente na disputa presidencial. “Não vou com Bolsonaro porque meu espectro não é do Bolsonaro”, afirmou.
No discurso a aliados, num centro de eventos na capital mineira, Lula retomou o discurso de que não é candidato de um partido, mas sim de “um movimento”, e fez acenos aos jovens e às mulheres — que têm maior resistência a Bolsonaro, segundo as pesquisas de intenção de voto.
O petista prometeu recriar o Ministério da Cultura, se eleito, e disse que retomará as conferências nacionais para discutir políticas públicas.
Lula continua a agenda de eventos no segundo maior colégio eleitoral do país e visitará Contagem na terça-feira. Na quarta-feira, irá a Juiz de Fora.