Lula se sai melhor entre negros e pardos e Bolsonaro entre brancos
Foto: Marlene Bergam e Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), lideram a corrida eleitoral para a Presidência em 2022.
Abaixo, veja como os dois estão evoluindo nas intenções de voto espontâneas segundo a cor da pele declarada pelos eleitores, segundo as últimas pesquisas Datafolha —não é possível comparar as respostas estimuladas porque os pré-candidatos mudaram ao longo do tempo.
A rodada mais recente indica que, neste mês, Lula passou de 38% para 36% entre pardos e de 44% para 42% entre pretos, sempre dentro das margens de erro. No sentido contrário, Bolsonaro oscilou de 22% para 24% no primeiro grupo e de 17% para 20% no segundo.
O petista, portanto, continua tendo ampla vantagem nessas parcelas da sociedade. Entre brancos, ambos avançaram à medida que a indecisão dos eleitores diminuiu: o ex-presidente variou de 30% para 32%, e o atual mandatário, de 27% para 30%.
Para se ter ideia, 43% do eleitorado se declara pardo, 32% se declara branco e 17% se declara preto, segundo o próprio Datafolha. Amarelos e indígenas não foram considerados porque as bases de dados de intenção de voto são muito pequenas.
A última pesquisa foi feita com 2.556 eleitores acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país, nesta quarta (22) e quinta-feira (23). Ela foi contratada pela Folha e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-09088/2022.
A margem de erro total do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. Mas na segmentação por cor da pele declarada ela muda para: pretos (5 pontos), pardos (3 pontos) e brancos (3,5 pontos).
Bolsonaro tem um histórico de expressões racistas. No mês passado, ele voltou a dizer que negros são pesados em arrobas ao se referir a um apoiador negro, durante conversa com simpatizantes no Palácio da Alvorada publicada nas suas redes sociais.
“Conseguiram te levantar, pô? Tu pesa o quê, mais de sete arrobas, não é?”, disse o presidente, que também lembrou que “já foi processado por isso”. O termo o levou a ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo crime de racismo.
A PGR, porém, afirmou não ter identificado elementos passíveis de configurar crime de racismo nessa declaração. Em manifestação enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradoria afirmou que “não houve nenhuma conotação relacionada com a cor da pele” na fala do presidente.
Antes de assumir a Presidência, Bolsonaro também foi denunciado pela Procuradoria e condenado na primeira instância por ter afirmado que visitou uma comunidade quilombola e que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas” e que “nem para procriador ele serve mais”. A acusação foi rejeitada pela Primeira Turma do STF em 2018.
Por 3 votos a 2, os ministros criticaram a conduta de Bolsonaro, mas entenderam que ele estava coberto pela imunidade parlamentar (na época ele era deputado federal), portanto não seria correto abrir uma ação penal.
Antes da decisão do Supremo, porém, a Justiça Federal do RJ já havia condenado o atual presidente a pagar R$ 50 mil à comunidade negra por danos morais pelas mesmas declarações, que foram feitas no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em 2017.
Nesse processo, a juíza federal Frana Mendes afirmou que é “descabida” a utilização da imunidade parlamentar para “encobrir manifestações ofensivas, discriminatórias a alguém ou a algum grupo, sem nenhuma finalidade relacionada à função do parlamentar”.