Problemas mentais de esfaqueador de Bolsonaro pioram

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Foto: Reprodução

Nas cartas que escreveu de dentro da penitenciária federal de Campo Grande (MS), onde cumpre uma medida de segurança por causa do atentado a faca contra o então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PL), praticado em 2018, Adélio Bispo expõe o que pensa do político que atacou em plena campanha eleitoral. Entre afirmações desconexas, que a todo o tempo se voltam contra a maçonaria, Adélio diz que Bolsonaro é o “anticristo” e chega a mencionar o episódio da facada. Em 2019, ele foi considerado inimputável pela Justiça por ser portador de doença mental.

“E ao mais o Bolsonaro é o anticristo o (incompreensível) antecessor a besta que era e não é, vem e não vem de linhagens real, são plebeus e são antissemitas e armam ciladas e arapucas para pegar Israel amizades de (incompreensível) hipocresia (sic). O anticristo é brasileiro poderes (incompreensível) corpos de homens e elementos da Terra. No mais o filho do sétimo é um dos anticristos malvados pela maçonaria (incompreensível) a forças terríveis nele e os maçons têm isto como algo de grande experiência o mal que eu vi (incompreensível) por causa da faca o sistema do anticristo e de muitos anticristos naturais e podem nascer setenta deles em todo o Brasil e reinar por setenta anos”, diz um trecho dos escritos.

Em outro, em que também cita o presidente, Adélio escreve, novamente ao divagar sobre a maçonaria, que “Bolsonaro aprecia e usa de reciclado em tudo plástico e brinquedo e (incompreensível)”. E prossegue: “Tiraram nossos corpos novos e não reciclados para dar um material horrível. O anticristo é basicamente uma reciclagem de clans (clãs) de maçonarias com energias ruins como todo o plástico reciclado. Isso é o mundo dos mortos que a maçonaria tem e conhece detalhes”.

arte Adélio

Além do atual presidente, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso também surgem nos escritos. Assim como ataca gratuitamente a maçonaria, Adélio também se volta contra os imigrantes haitianos — que, na visão dele, tiram empregos dos brasileiros, especialmente na região Sul do país. “É óbvio que o Lula é um leal defensor deste pessoal e até construiria casas gratuitamente para os haitianos e não para brasileiros”, reclama Adélio. “Em Balneário Camboriú, Florianópolis e Blumenau, brasileiro não tem chance. Até no serviço público municipal colocam eles em cargos de gari, até de atendimentos como farmácias e até hospitais, mesmo que não fala (sic) nossa língua. Na gestão de FHC foi a vez a Filipina e Taiwon (Taiwan) e nunca mulheres, só homens de cunho socialista e anti esquerda como é o Haiti”, diz.

Adélio também critica em suas cartas algumas políticas públicas, como o Fies, programa de financiamento do ensino superior criado nos governos do PT. “O Fies tem que terminar, o gasto do Fies é igual basicamente ao custo de 64 universidades públicas federais (…) Não é bom a mistura de classes, e é isso que o poder público tem feito com as universidades. Misturam plebeus aos nobres, coisa que Deus não faz”, diz.

“Quanto ao sistema penitenciário, é bom e viável que 100% dos presídios tenham semiaberto, isso todo o Judiciário concorda, e o sistema de varrição de ruas para o preso do semiaberto com a remuneração claro e valor até acima do normal, exigindo qualidade na limpeza urbana e retirando de circulação os atuais garis e óbvio levando os presos a empregabilidade e de inclusão socioeconômica”, propõe Adélio. “No mais, precisamos de cães para fins de terapias e filhotes poderão ser enviados ao sistema prisional sem passar pela psiquiatria, pois eles não aprovam isso.”

Os textos, analisados pelo psiquiatra forense Guido Palomba a pedido de VEJA, estão repletos de elementos psicopatológicos, segundo o especialista, que demonstram grave distúrbio do pensamento, tanto do curso das ideias (o que é tecnicamente chamado de desagregação) quanto de seu conteúdo (persecutoriedade). Essa última característica se manifesta na forma de delírio de perseguição, como em trechos em que Adélio se refere à maçonaria.

arte Adélio

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