Está caindo a ficha de banqueiros e empresários sobre Bolsonaro

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Foto: Sergio Lima/AFP

A democracia no Brasil está doente? Corre o risco de morrer? Fiz essa pergunta a vários empresários, CEOs e banqueiros brasileiros nos últimos dias. Quase todos se mostraram confiantes. O argumento é de que desde 1989, quando fez sua primeira eleição pós-ditadura militar, o país vem sendo vacinado periodicamente contra o aparecimento de qualquer vírus antidemocrático. Mas três décadas depois, essa vacina, sozinha, parece não ter mais a mesma eficácia de antes. Se descartam a possibilidade de o país baixar na cama de uma UTI, os representantes do PIB nacional reconhecem que alguma coisa não vai bem com o paciente, e que são constantes os picos de febre.

O termômetro disparou com assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, no último dia 10, pelo agente penal federal Jorge Guaranho. Embora a polícia do Paraná tenha concluído oficialmente que não houve crime de ódio ou de cunho político (vamos lembrar que Garanho, bolsonarista declarado, invadiu a festa de aniversário de Arruda, cuja tema era o PT), há o receio de que episódios como esse se repitam em outras partes do país, gerando mais tumulto e mais mortes.

Para empresários e banqueiros, o vírus antidemocrático que começa a ganhar força é alimentado por três fatores. O primeiro deles tem a ver com declarações do presidente Jair Bolsonaro e de aliados políticos para desqualificar a lisura do processo eleitoral no Brasil. O lance mais recente teve lugar nesta segunda-feira, dia 18, quando Bolsonaro se reuniu com embaixadores de outros países para repetir denúncias – nunca comprovadas – de supostas fraudes eleitorais.

Soma-se a isso o aumento do número de civis armados, como mostram dados do Instituto Igarapé. Nos últimos três anos, marcados pela flexibilização das regras para posse de armas de fogo, o país passou a ter 46 milhões de permissões concedidas formalmente a caçadores e atiradores. Por fim, a violência nossa de cada dia, que extrapolou o território de preconceito racial, classe social e de gênero para incluir também a intolerância política. Num ambiente assim, empresários e banqueiros temem o aparecimento de militantes enfurecidos querendo destruir urnas de votação para tentar mudar o resultado da eleição no grito, fazendo arruaças em vários locais eleitorais.

Aos olhos dos investidores estrangeiros, o Brasil já vem perdendo vários pontos de prestígio, seja pela falta de rigor na condução da política fiscal e de reformas estruturais de longo prazo ou pelos indicadores mostrando o aumento da destruição da Amazônia. O país corre o risco agora de acrescentar mais um item negativo à sua imagem: a violência política. Já vimos esse filme em 6 de janeiro de 2021, quando aliados radicais de Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso americano. Vamos fazer um remake?

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