Lula não precisa vencer debates
Eduardo Guimarães
Para que haja compreensão sobre por que o tão falado – e pouco provado – mau desempenho de Lula no debate da Band não deve interferir nas pesquisas, basta ver o que diz a pesquisa Ipec, recém-divulgada, sobre a sucessão presidencial
Com efeito, o início do pagamento do auxílio Brasil de mais 2oo reais até dezembro, o início da campanha eleitoral e a sabatina de presidenciáveis pelo Jornal Nacional não interferiram na pesquisa em questão. Ficou tudo igual.
Para entender por que, basta ver dado importante da pesquisa em tela: 79% já decidiram em quem votar e nenhum outro candidato lucrou ou perdeu de forma relevante com os fatos acima elencados.
“Ah, Eduardo, mas o Lula foi mal no debate da Band”. Em primeiro lugar, se a lógica for a das “lacrações” naquele debate, o ex-presidente, de fato, deu “poucas” lacradas, apesar de as que deu terem sido mais do que certeiras. Senão, vejamos:
Questionado pela bolsonarista arrependida Soraya Thronicke (União Brasil-MS) sobre não enxergar os êxitos dos dois primeiros governo Lula, este respondeu que ela não enxerga, mas seus empregados, como todos os mais pobres, enxergam muito bem. Em seguida, Lula lembrou que os motociclistas de aplicativo, hoje, são chamados pelo regime de “empreendedores”, mas transportam comidas enquanto passam fome.
Premissas inquestionáveis.
Mas não é por “lacrações” ou falta delas que Lula pode não ter perdido nada, se é que não ganhou. Lula e todos os outros não devem esperar grandes problemas ou benefícios do debate da Band porque, históricamente, debates têm efeito limitado nas campanhas.
Colunista do jornal Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman informa o que a ciência estatística mostra sobre debates eleitorais:
“É muito difícil, se é que já aconteceu, de um debate mudar o curso de uma eleição. Mesmo quando um candidato diz uma megabobagem, o efeito sobre o eleitorado costuma ser efêmero, não mais do que uma baixa transitória nas pesquisas. Pode ser um problema se a encrenca estoura às vésperas de um pleito muito disputado, no qual um ou dois pontos percentuais façam a diferença. Mas não são tantas as eleições que se decidem no olhar eletrônico. Desde a redemocratização, só em 2014 a corrida presidencial foi definida por menos de cinco pontos percentuais”
Na recente pesquisa Ipec, só 6% se dizem indecisos. Mesmo que todos esses votos fossem para Bolsonaro ou para a terceira via, o máximo que fariam seria levar a eleição a um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, no qual os votos de Ciro e dos nanicos iriam, em grande parte, para o petista, segundo o Datafolha e a pesquisa Quaest.
Não, Lula não precisa vencer debates. E pode até perder, porque a direita e a mídia não perceberam um fato mais do que simples: a população não está afim de experimentalismos – já basta o de 2018.
Essa maioria que passa fome e trabalha em subempregos quer votar da forma mais segura possível para o país voltar ao que era quando Lula governava. isso porque, se Bolsonaro fez algum bem, foi ensinar aos brasileiros que urna eletrônica não é penico.
Redação