Todos os candidatos pouparam Bolsonaro no debate

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Foto: Agência O Globo

A proximidade das urnas vai elevar a tensão na corrida presidencial. As campanhas de Lula e Jair Bolsonaro projetam um acirramento de ânimos nas quatro semanas que faltam até o primeiro turno. Será um “setembro sangrento”, prevê um ex-ministro petista.

A nova fase da disputa começou no último domingo, quando os candidatos se enfrentaram no ringue da Band. No primeiro round, Bolsonaro foi ao ataque com o tema da corrupção. Lula ficou nas cordas. Apenas se esquivou dos golpes, frustrando aliados que esperavam um revide.

Se não tivesse perdido as estribeiras ao ser questionado por mulheres, o capitão teria saído como vitorioso. Curiosamente, Lula não foi o único a poupá-lo no debate. Os outros quatro presidenciáveis também ignoraram as rachadinhas, a compra de imóveis em dinheiro vivo, o escândalo dos pastores no MEC.

A tática de turbinar o Auxílio Brasil ainda não rendeu os resultados esperados por Bolsonaro. Segundo o Datafolha, Lula mantém a liderança entre os beneficiários do programa, com 56% das intenções de voto. No mesmo grupo, o presidente aparece com 28%.

A estagnação entre os mais pobres deve incentivar Bolsonaro a aumentar os ataques ao PT. É o caminho mais curto para reduzir a vantagem de Lula, que já vem caindo lentamente a cada pesquisa. Chegou a 21 pontos em maio e recuou para 13 na última semana.

O capitão amarga a maior taxa de rejeição na disputa: 52% dos eleitores dizem não votar nele de jeito nenhum. Se não consegue melhorar a própria imagem, ele tem conseguido emporcalhar a do adversário. A rejeição a Lula era de 33% em maio e agora chega a 39%. Se subir mais um ponto, igualará o recorde histórico de 40%, registrado em 1994.

As últimas pesquisas reforçaram a probabilidade de segundo turno. Neste caso, o país assistirá a um duelo de rejeições. Bolsonaro chegou ao poder numa eleição marcada pelo antipetismo. Quatro anos depois, precisa reavivar esse sentimento para ter alguma chance de vitória.

O capitão aposta no Sete de Setembro para incendiar sua militância. O PT reforçou a segurança de Lula e discute uma mudança de tom para enfrentar o que vem por aí. O ex-presidente preferia jogar parado, mas tem sido encorajado a rebater os próximos ataques. Numa disputa feroz, será impossível manter o figurino de Lulinha paz e amor.

O Globo