Está semana será de sobe e desce nas pesquisas
Foto: Ton Molina/Fotoarena
Apesar de cenários em contextos e épocas diferentes, as maiores subidas e descidas entre a última pesquisa Datafolha a uma semana da eleição e o resultado do pleito mostram que os dias finais de campanha podem trazer emoções. E há boas e más notícias para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a depender da interpretação dos números. Nas duas últimas eleições um candidato cresceu ao menos 12 pontos na última semana. Nos últimos quatro pleitos presidenciais, alguém caiu mais de cinco pontos.
Desde 1994, só oito candidaturas cresceram além da margem de erro entre a última pesquisa Datafolha da penúltima semana de campanha e o resultado. E o recorde de maior crescimento é de Bolsonaro, que em 2018 (na época no PSL), teve 33% dos votos válidos em pesquisa Datafolha divulgada no dia 28/9. Nove dias depois, liderou a votação no primeiro turno com 46% dos votos válidos. Bateu o recorde de Aécio Neves (PSDB), que em 2014 foi de 22% na pesquisa para 32% nas urnas na mesma situação.
Veja o top-5:
Maiores crescimentos em pontos entre a última pesquisa Datafolha da penúltima semana da campanha e os resultados nas urnas – votos válidos
Jair Bolsonaro (PL) 2018: +13, de 33% para 46%
Aécio Neves (PSDB) 2014: + 12, de 22 para 34%
Geraldo Alckmin (PSDB) 2006: +9, de 33 para 42%
Marina Silva (PV) 2010: +6, de 13 para 19%
Enéas Carneiro (PRONA) 1994: +4, de 3 para 7%
Quarta que mais cresceu no histórico do Datafolha desde 1994, Marina Silva (Rede), hoje candidata a deputada federal por São Paulo, aparece no top-5 das maiores quedas nas duas outras vezes que disputou a eleição presidencial. Veja o ranking:
Maiores quedas em pontos entre a última pesquisa Datafolha da penúltima semana da campanha e os resultados nas urnas – votos válidos
Marina Silva (PV) 2014: -8, de 29 para 21%
Dilma Rousseff (PT) 2010: -8, de 55 para 47%
Alckmin (PSDB), 2018: -7, de 12 para 5%
Lula (PT), 2006: -6, de 54 para 49%. perdeu 11% dos votos
Marina Silva (Rede), 2018: -5, de 6 para 1%
Para as eleições deste ano, Lula (PT) tem 50% dos votos válidos na última pesquisa Datafolha a uma semana das eleições, contra 35% de Bolsonaro (PL), 7% de Ciro Gomes (PDT) e 5% de Simone Tebet (MDB).
Se esticarmos a corda até o máximo de crescimento e queda históricos (+13 de Bolsonaro em 2018 e -8 de Marina em 2014), Lula teria de 42% a 63% e Bolsonaro de 27% a 48%, com apenas dois cenários possíveis: ou a eleição do petista em primeiro turno, ou o segundo turno contra o atual presidente (se crescer no máximo do recorde histórico, Ciro só chegaria a 19%).
Mas uma análise mais profunda mostra que há boas e más notícias para ambos os candidatos.
A história dos crescimentos de votos nas eleições presidenciais no Brasil desde 1994 mostra que os candidatos mais conservadores costumam crescer na reta final. No top-5, Bolsonaro (2018, +13), Aécio (2014, +12), Alckmin (2006, +9) e Enéas (1994, +4) representaram candidaturas de centro-direita e de direita.
No outro lado, as maiores quedas costumam acontecer com candidatura mais progressistas, com as de Lula e Dilma em 2006 (-6) e 2014 (-8).
Tudo seria uma boa notícia para Jair Bolsonaro se não fosse a observação que candidatos que buscam a reeleição costumam cair na reta final. Foi o que aconteceu nas duas últimas vezes, justamente nas tentativas petistas com Dilma e Lula. Os números históricos mostram que cresce mais na reta final quem é oposição ao atual governo. O único que conseguiu não cair na intenção de votos na última semana antes do primeiro turno foi Fernando Henrique (PSDB), reeleito em 1998.
Os números do Datafolha da última semana antes da eleição, comparados com o resultado final das urnas mostram que o voto útil é uma realidade. Nas três das cinco vezes em que um candidato caiu além da margem de erro na pontuação, em três vezes foram claros movimentos de tentar viabilizar a chegada no segundo turno de um outro candidato. Foi assim com o derretimento de Marina Silva em 2014 (-8) e 2018 (-5), e Geraldo Alckmin (-7) em 2018. Aécio Neves (+12), Fernando Haddad (+3) e Jair Bolsonaro (+13) acabaram herdando os votos na reta final.
Mas se a história das eleições no Brasil mostra mudanças na última semana, a de 2022 pode ser diferente se observado o número de indecisos. Em uma campanha com estagnação dos resultado e alto índice de certeza de voto nos dois principais candidatos, os 2% dos que não sabem ou não responderam à pesquisa divulgada pelo Datafolha na última quinta é o menor patamar histórico de indecisos faltando uma semana para a eleição. Se comparado com 2018, ano em que mais transferências de votos aconteceram nos últimos sete dias, o número de indecisos era mais de sete vezes maior: 15%, o maior índice desde as eleições de 1994, segundo o Datafolha.