1/3 da bancada do PL não é bolsonarista

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Foto: Cristiano Mariz

Maior vencedor das eleições para a Câmara no domingo, o PL terá sua bancada formada por uma maioria de parlamentares da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro, mas incluirá também velhos integrantes da sigla do Centrão. Segundo levantamento do GLOBO, 31 dos 99 deputados eleitos, cerca de um terço da bancada, já faziam parte da legenda antes da aliança com o presidente.

Bolsonaro se filiou ao PL em 30 de novembro de 2021. A maioria dos parlamentares aliados a ele chegou ao partido em março deste ano, quando a legislação eleitoral permitia a troca de sigla. Após a “janela”, a legenda inchou e ganhou uma bancada de 76 deputados federais, 45 a mais do que tinha na posse de 2019.

Segundo análise do GLOBO, filiados históricos do PL foram quase tão beneficiados quanto os novatos pela “eleição por média”, quando o desempenho partidário contribui para garantir a vaga do parlamentar. Entre os beneficiados está, por exemplo, Antonio Carlos Rodrigues, ex-ministro dos Transportes de Dilma Rousseff e associado ao partido desde 1999. Ele conseguiu uma vaga da Câmara com 73 mil votos, a terceira menor entre todos os eleitos.

Rodrigues foi favorecido pelo bom desempenho nas urnas de parlamentares chamados de “bolsonaristas raiz”. Em São Paulo, Carla Zambelli (PL-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Ricardo Salles (PL-SP) foram eleitos com 946 mil, 741 mil e 640 mil votos, respectivamente, só perdendo para Guilherme Boulos (PSOL), que teve mais de 1 milhão. Os números expressivos ajudaram a sigla a conquistar 17 cadeiras no estado.

Integrantes da ala “histórica” do partido, por sua vez, também foram bem votados, como João Bacelar (PL-BA) e João Maia (PL-RN), que integram o PL desde 2005 e 2001, respectivamente, e tiveram 90 mil e 104 mil votos cada um.

Um caso a parte é o do deputado Marco Feliciano, que entrou no PL em agosto de 2021, portanto antes de Bolsonaro. Ele, porém, havia sido expulso do Podemos em 2020 por ter apoiado a eleição do presidente dois anos antes.

Em 2018, quando se disputou a Presidência pelo até então nanico PSL, o presidente ajudou o partido a eleger 52 deputados. Destes, cerca de 27 se mantiveram fiéis quando o presidente do PSL, Luciano Bivar, rompeu com Bolsonaro. Agora, os recém-filiados eleitos pelo PL na fase “bolsonarista” correspondem a 67 deputados eleitos.

Eleito com o discurso da antipolítica e com críticas ao Centrão, Bolsonaro se aliou ao grupo que há anos dá as cartas no Congresso em meados de 2020, quando passou a trocar cargos no governo e liberação de recursos por apoio parlamentar.

Em maio, as duas alas do PL já se desentenderam por causa da eleição para a vice-presidência da Câmara. Na ocasião, houve troca de acusações no grupo de WhatsApp do PL até que se decidisse quem representaria a legenda na eleição. Parlamentares que estão há mais tempo no partido se insurgiram contra a decisão de colegas recém-filiados, como Major Vitor Hugo (GO) e Carla Zambelli (SP), de tentar concorrer ao posto. No fim, após Bolsonaro intervir, Lincoln Portela (PL-MG), filiado desde 2018, foi o escolhido.

A deputada Carla Zambelli nega que a divisão interna entre os mais antigos e recém-filiados possa gerar conflitos semelhantes aos que ocorreram no PSL nos últimos anos.

— Acho difícil ter conflito, porque a gente fez o partido crescer. Não acho que vamos ter problemas. Quem quiser (aderir) a um eventual governo Lula, é melhor sair do partido mesmo. Que vá com Deus.

Dos eleitos agora, 17 são oriundos da ala bolsonarista do PSL e se reelegeram: Carol de Toni (SC), Carla Zambelli (SP), Eduardo Bolsonaro (SP), Filipe Barros (PR), Coronel Chrisóstomo (RO), Daniel Freitas (SC), Hélio Lopes (RJ), Giovani Cherini (RS), Giacobo (PR), Bia Kicis (DF), Carlos Jordy (RJ), Sanderson (RS), Luiz Lima (RJ), Chris Tonietto (RJ), General Girão (RN), Junio Amaral (MG) e Luiz Philippe d’Orleans e Bragança (SP).

O presidente também conseguiu eleger novos integrantes de seu “núcleo duro”, como Ricardo Salles (SP), ex-ministro do Meio Ambiente de seu governo; Eduardo Pazuello (RJ), ex-ministro da Saúde; Nikolas Ferreira (MG), influencer e vereador de Belo Horizonte; Alexandre Ramagem (RJ), ex-diretor da Abin; e Mario Frias, ex-secretário de Cultura.

‘Veteranos’ do PL, por ano de filiação

Marcio Alvino (SP) – 1987
Miguel Lombardi (SP) – 1995
Antonio Carlos Rodrigues (SP) – 1999
Josimar Maranhãozinho (MA) – 2003
Jorge Goetten (SC) – 2007
Tiririca (SP)- 2007
Paulo Freire da Costa (SP) – 2009
Giacobo (PR) – 2011
Vinicius Gurgel (AP) – 2011
Magda Moffatto (GO) – 2013
Motta (SP) – 2016
Giovani Cherini (RS) – 2016
Altineu Cortes (RJ) – 2018
Lincoln Portela (MG) – 2018
Dr. Jaziel (CE) – 2018
Soraya Santos (RJ) – 2018
Sonize Barbosa (AP) – 2018
Júnior Mano (CE) – 2019
Pastor Gil (MA) – 2019
Julia Zanatta (SC) – 2020
Icaro de Valmir (SE) – 2020

O Globo