Partidos bolsonaristas controlam metade da Câmara

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Cristiano Mariz

As manifestações de bolsonaristas e bloqueios de rodovias ainda podem continuar provocando tumulto e espanto pelo radicalismo por mais alguns dias, mas a tendência é que a cada dia fiquem mais longe no retrovisor. O bolsonarismo ou a direita, porém, continuarão existindo e terão bases firmes no Congresso Nacional a partir do ano que vem.

Só o PL, partido de Jair Bolsonaro, elegeu 99 deputados e 15 senadores, sem contar os outros partidos que sustentaram o governo derrotado até aqui e se colocaram à direita do espectro político. Somadas as bancadas de PP, Republicanos e União Brasil, são 246 deputados, quase metade dos 513 da Câmara. Como bom Centrão, essas legendas não terão problemas em fazer uma guinada fisiológica para o centro e começar a votar com o governo Lula.

A questão, como sempre em Brasília, será o custo.

Há duas décadas, quando Lula foi eleito pela primeira vez, o Centrão cobrou caro para apoiá-lo no Congresso. Chegou a fazer greve de votações na Câmara para tomar conta de uma diretoria da Petrobras. Foram vitoriosos, e o resultado todos conhecemos.

Esses tempos ficaram no passado. Nas palavras de um conhecedor dos modos e humores do Centrão, foram superados da mesma forma que o iPhone 1 foi superado pelo iPhone 13. Assim como a Apple com seus celulares, esse pessoal desenvolveu novas tecnologias de ocupação da máquina que os tornaram menos dependentes do Executivo.

Mesmo com o fim do governo Bolsonaro, a direita ainda tem pelo menos 12 governos estaduais, entre eles São Paulo, e um naco do fundo partidário proporcional ao tamanho das bancadas. E controla o principal: o orçamento secreto, também chamado de emendas do relator ou de RP9.

Com acesso a essas emendas parlamentares de distribuição automática, cujo destino pode ser resolvido no Congresso sem que o presidente da República apite coisa alguma, o Centrão se “emancipou”, por assim dizer.

É nesse novo contexto que Lula precisará encontrar recursos para começar o ano cumprindo as promessas mais básicas. Só para manter o valor do Auxílio Brasil em R$ 600, mais os R$ 150 por criança de até 6 anos, serão necessários R$ 70 bilhões que não estão disponíveis.

O Globo