Ex-chefe da PRF demitido tem histórico de “polêmicas”

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi exonerado do cargo nesta terça-feira. A exoneração foi publicada no Diário Oficial, e assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Vasques coordenou a corporação durante os bloqueios ocorridos nas estradas durante o dia 30 de outubro, no segundo turno das eleições, e tem um históricos de polêmicas nos mais de 27 anos que integra a corporação.

Declaradamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Silvinei Vasques foi alçado ao comando da PRF em abril de 2021, cerca de um mês depois da chegada de Anderson Torres ao Ministério da Justiça, pasta à qual a Polícia Rodoviária Federal é vinculada.

Sua nomeação coincidiu com uma atuação mais ostensiva da corporação, inclusive com operações contra o narcotráfico em favelas do Rio de Janeiro.

Em fevereiro, Vasques se reuniu com policiais do Core, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Na ocasião, anunciou que “as operações para prisões de criminosos chefes das narcoguerrilhas do estado do Rio de Janeiro” seriam intensificadas. Menos de uma semana depois, a PRF participou de uma operação na Vila Cruzeiro na qual 23 pessoas foram mortas.

Vasques é um dos dirigentes de polícia mais alinhados ao bolsonarismo. Em janeiro, por exemplo, esteve por uma semana em Las Vegas, nos Estados Unidos, para participar da feira de tiro esportivo Shot Show 2022, um evento que costuma ser frequentado por filhos do presidente, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro.

Reservadamente, integrantes da PRF afirmam que Vasques tem proximidade com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos principais entusiastas de sua nomeação no posto. Antes de ocupar o cargo máximo da PRF, ele era superintendente no Rio de Janeiro.

Em suas redes sociais, Vasques faz elogios explícitos aos presidente e na véspera do segundo turno da eleição, pediu votos para Bolsonaro. A postagem foi apagada após a repercussão negativa, mas o ex-diretor se tornou réu por improbidade administrativa.

Naquele dia, o diretor-geral praticamente não saiu dos holofotes. A PRF foi alvo de críticas por promover diversas operações voltadas ao transporte de passageiros, sobretudo nos estados do Nordeste, região em que a grande maioria dos eleitores votou no presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As operações dificultaram a chegada dos moradores a seus locais de votação.

Pelas ações, Silvinei Vasques é investigado pela Polícia Federal. A corporação apura se há responsabilidade do diretor na realização das blitz e se houve descumprimento da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que havia proibido a realização de operações policiais relacionadas ao transporte de eleitores no dia do pleito. Outro fato investigado é se Vasques praticou omissão nos bloqueios que começaram a ocorrer após o resultado das eleições.

Vasques também estava à frente da corporação quando um homem de 38 anos foi algemado e colocado dentro do porta-malas da viatura enquanto saía fumaça de dentro do carro, em Sergipe. Imagens da ação foram amplamente compartilhadas nas redes sociais. A vítima, identificada como Genivaldo de Jesus Santos, chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

Em novembro, a A PRF enviou um ofício à Wikipédia pedindo para a rede retirar do ar a página sobre o diretor da corporação. No documento, a exclusão foi solicitada alegando que foram incluídas informações “inverídicas de cunho político” para denegrir a imagem do do agente e da instituição.

Além das relações políticas de Vasques com a família Bolsonaro e das operações polêmicas que comandou, o perfil dizia ainda que o diretor da PRF já “foi denunciado no Ministério Público Federal por participar de esquema de cobrança de propina para empresas de guincho que atuavam na BRs 101 e 280, em Santa Catarina” e que “agrediu um frentista que trabalhava na cidade de Cristalina, Goiás, após o homem se recusar à lavar os carros usados por um grupo de policias rodoviários, do qual Silvinei fazia parte”. Além disso, fala que a instituição impôs um sigilo de 100 anos sobre processos administrativos disciplinares envolvendo o diretor.

Natural de Ivaiporã, no Paraná, o agente foi também superintendente em Santa Catarina. Antes de ser promovido a diretor, atuou como secretário municipal de segurança pública e de transportes na cidade de São José, em Santa Catarina, entre 2007 e 2008.

O Globo