Vários terroristas doaram à campanha de Bolsonaro
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Ao menos oito investigados apontados como financiadores dos atos terroristas, que culminaram na depredação do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), fizeram pequenas doações para a campanha à reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022. O GLOBO considerou a listagem de suspeitos apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU) à Justiça Federal.
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Os valores são baixos, e variam de R$ 1 a R$ 22. Antes do primeiro turno das eleições, apoiadores de Bolsonaro fizeram uma campanha para mobilizar doações simbólicas. À época, um levantamento do GLOBO mostrou que 638 beneficiários do Auxílio Brasil haviam doado para o ex-presidente via Pix. No total, ele arrecadou R$ 1,5 mil provenientes desta estratégia.
Os citados pela AGU integraram o balaio de contribuições pequenas. O maior valor doado foi o de Pedro Luis Kurunczi — um empresário de Londrina, no Paraná, que já foi condenado por crime contra a ordem tributária e ajudou o ex-presidente com R$ 22.
A moradora de Três Lagoas (MG) negou envolvimento com os atos e financiamento. Durante a campanha eleitoral, doou R$ 1 para o ex-presidente.
O Policial Militar de São Paulo, suspeito de fretar um ônibus que teria levado bolsonaristas até Brasília, também doou R$ 1. Após as eleições, ele participou de atos que questionavam a eleição do presidente Lula (PT) no município de São Pedro (SP), onde reside. Contatado pelo GLOBO, não quis se pronunciar.
Empresária de Juiz de Fora no ramo de imóveis, doou R$ 5 reais. Procurada pelo GLOBO para falar sobre a investigação, não respondeu.
Morador de Ribeirão Preto (SP), ele doou R$ 1 ao ex-presidente e esteve em Brasília. Ao GLOBO, disse que a viagem “não teve patrocínio nem financiador, todos dividiram o valor da viagem e seu nome foi colocado porque foi ele o organizador”.
— Todo o grupo contribuiu com um pouco de dinheiro e eu coloquei meu nome como contratante do serviço porque estava organizando. Nós participamos, sim, da manifestação pacífica, mas ninguém entrou em nenhum dos prédios nem vandalizou nada — disse Genival José da Silva.
O morador de Mirassol é acusado de financiar os atos, mas não respondeu o GLOBO.
O empresário que participou do movimento de doação simbólica postou na manhã da invasão da Praça dos Três Poderes que a “boiada (estava) chegando” em Brasília. Ele é acusado de fretar um ônibus que saiu de São José do Rio Preto no dia 6 de janeiro com destino a Brasília. Não respondeu aos contatos.
Entre 2011 e 2012, Pedro Luis Kurunzi foi preso e condenado a dois anos de reclusão em regime aberto por crime contra a ordem tributária. À época, o empresário declarou que uma de suas empresas teve receitas de R$ 2 milhões, mas foi desmascarado pela Receita Federal, que descobriu que os livros contábeis registravam R$ 14,5 milhões em notas fiscais.
Procurada, sua defesa negou que ele estava na capital federal durante os atos golpistas e criticou a AGU.
— Ele não pagou e não financiou esse valor todo. Mas o contrato precisa ficar no nome de uma pessoa e ele, sendo empresário esclarecido, acabou deixando no nome dele. Foram várias pessoas que resolveram fazer essa arredação para poder participar dessa manifestação em Brasília. O que era discutido era uma manifestação pacífica. O Pedro não tinha conhecimento e muito menos incentivaria atos de vandalismo. Eles simplesmente ajuizaram uma ação contra todos que fretaram ônibus a Brasília. É regra ter uma relação de passageiros, e eles têm condições de apurar se algum deles teve relação com o vandalismo — afirmou Ana Paula Delgado, advogada do empresário.
Sobre a condenação por crime tributário, a advogada afirmou que o empresário cumpriu a pena integralmente.
O morador de Catalão também é acusado de fretar ônibus para os atos golpistas, mas não respondeu ao GLOBO.