PL fica isolado no Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
A base governista do Senado decidiu que não fará acordo com o PL e deve deixar a sigla sem o comando de qualquer comissão importante – e até mesmo deixá-lo sem nenhuma das 14 comissões de mérito, mesmo sendo o PL a segunda maior bancada. Na eleição das mesas diretoras, o partido lançou Rogério Marinho (RN) como candidato à presidência da Casa contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que se reelegeu.
O PL reivindicava a Comissão de Infraestrutura (CI). Como o partido está em um bloco junto com PP, Republicanos e Novo, com 23 integrantes, também foi colocada a possibilidade de os oposicionistas ficarem com a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), tendo como indicada a ex-ministra da Agricultura do governo Jair Bolsonaro, Tereza Cristina (PP-MS). Os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Pacheco descartaram totalmente este acordo. A própria Tereza Cristina, segundo interlocutores, não teria tanto interesse no colegiado, pois quer expandir sua atuação no Senado.
Assim, a escolhida para a Comissão de Agricultura será a senadora Soraya Thronicke (União Brasil -MS), que confirmou ao Valor a articulação para ficar à frente do colegiado nos próximos dois anos.
Até mesmo postos pouco prestigiados, como a Comissão Senado do Futuro, a base governista quer que fique longe do PL. Segundo uma fonte, este colegiado passará por uma reformulação, para ser um local de discussões sobre a proteção da democracia – e como parte dos bolsonaristas endossou o ataque golpista aos prédios dos três Poderes, em 8 de janeiro, também não seria um espaço adequado a eles.
Outro problema é a própria desorganização da oposição. Segundo um senador do PP, o grupo está agora dividido e desordenado. O principal sinal foi a demora para oficializar Rogério Marinho (PL-RN) como líder após a eleição.
“Fizemos expressivos 32 votos e no outro dia ninguém se falou. Era para ter reunido todo mundo e traçado uma estratégia concreta de oposição”, apontou o parlamentar, sob reserva.
O PT vai ocupar as comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Direitos Humanos (CDH). O partido trata ambas como prioridade para evitar que caiam nas mãos de parlamentares bolsonaristas da ala mais radical, como a ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) e Magno Malta (PL-ES). Os mais cotados são Paulo Paim (RS) e Humberto Costa (PE). Outra comissão que o partido do presidente Lula pleiteia é a de Relações Exteriores (CRE), mas esta tende a ficar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL). A Comissão de Educação irá para Flávio Arns (PSB-PR).
No campo governista, a resistência de algumas alas ao ex-presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) levou à especulação de que, para garantir sua recondução na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, ele poderia ficar apenas mais um ano na função, em vez dos dois anos regulamentares. No segundo ano, ele passaria a presidência ao MDB. Ao Valor, Alcolumbre negou categoricamente negociação nesse sentido.